Jeremiah Burroughs
“Agrada-te do SENHOR , e ele satisfará os desejos do teu coração” (Salmo 37:4).
Essa felicidade cristã, no entanto, não significa estar feliz porque temos tudo que desejamos. O caminho para a felicidade é o “contentamento”. Mas não devemos pensar que isto signifique aceitar a vontade de Deus passivamente porque não há nada mais que podemos fazer. O que eu quero descrever é a profunda satisfação interior, que os cristãos sentem a respeito daquilo que Deus tem feito para eles. Essa satisfação interior os capacita a permanecerem contentes ao invés de murmurar contra Deus, mesmo quando as coisas parecem estar contra eles.
Todos nós desejamos ser feliz, porém percebemos que isso não é fácil. Queremos possuir tudo o que este mundo oferece, na expectativa de que isso nos trará felicidade. O apóstolo Paulo diferente de nós disse: “Já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei está abatido e sei também ter abundância” (Fil. 4:11-12) Em outras palavras: “aprendi o segredo de estar contente em toda e qualquer situação”
Deus é a única fonte de felicidade verdadeira. Ele não necessita de nada nem de alguém para fazê-lo feliz: mesmo antes de criar o mundo, as três pessoas da Trindade eram completamente felizes entre Si. O que Deus faz para os cristãos é torná-los tão felizes quanto Ele é. Isso é necessário porque eles não são bons ou fortes o suficiente para se fazerem felizes. Deus lhe dá tudo de que precisam, como João escreveu: “todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça” (João 1:16) Desta maneira, os cristãos podem sempre estar contentes, pois, mesmo quando possuem pouco daquilo que este mundo oferece, eles tem as bênçãos espirituais que Deus nos dispensa. Em cristo eles têm tudo que necessitam.
Essa felicidade cristã é por vezes chamada de contentamento. A Bíblia diz:“E, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar daqui; tendo, porém, alimento e vestuário, estejamos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação.” (1 Tim. 6:6-9).
“Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei.” (Heb. 13.5)
Consideremos quatro coisas sobre a felicidade cristã.
I) - A felicidade cristã vem de dentro.
É possível dar impressão de que, devido não estarmos reclamando, estamos contentes. Mas Deus é claro, sabe o que pensamos. Davi disse “Ó minha alma, espera silenciosa somente em Deus.” (Salmo 62.5). Ele sabia que esta era a única maneira pela qual podia realmente ser feliz. Da mesma maneira, esta confiança em Deus, esta felicidade que vem de dentro dos cristãos os afeta completamente. Davi sabia que Deus estava no controle de todas as coisas; entretanto ainda pôde se sentir deprimido porque ele não permitiu que esta verdade influenciasse verdadeiramente sua forma de pensar. Por isso ele escreveu “por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” (Salmo 42:5) como ele, temos que pôr nossos corações naquele contentamento que começa dentro de nós e nos torna completamente feliz.
II) – A felicidade cristã está presente mesmo quando ocorrem as tragédias.
Os cristãos se sentem tristes quando estão em dificuldades exatamente como outras pessoas. Quando outros estão passando por problemas, os cristãos se compadecem dele. Eles oram pelos que sofrem, e é bom fazer isso, porque o Senhor Jesus, que sofreu quando tentado, “é poderoso para socorrer os que são tentados” (Heb. 2.18) Embora eles orem a Deus, cristãos maduros que enfrentam problemas não resmungam. Quando são tentados a fazer isso, eles conseguem se controlar. Não reclamam a cerca de Deus; pelo contrário, obedecem e ama a Deus. Se fala de seus problemas, eles o fazem em oração, pois acreditam que Deus pode ajudá-los.
III) – A felicidade cristã é obra de Deus.
Ela não é o resultado dum temperamento feliz por natureza, nem tampouco duma recusa de se envolver com o que está acontecendo ao redor. Até mesmo os incrédulos fazem isso, tentando não ficar preocupados. Todavia, a felicidade cristã é muito mais do que “tentar não ficar preocupado”. O cristão deseja ser feliz continuamente, pois isso glorifica a Deus.
IV) – A verdadeira felicidade do cristão consiste em fazer a vontade de Deus.
Os cristãos não são obrigados a obedecerem a Deus. Eles o fazem voluntariamente e encontram nisso o que os torna felizes. Quando param para meditar, percebem que nada pode fazê-los felizes como se submeterem à vontade de Deus. Eles se contentam em deixar que Deus planeje o futuro, mesmo se seus planos (os planos de Deus) diferem daquilo que eles esperam realizar. Na verdade, eles preferem os planos de Deus aos seus próprios, pois sabem que Ele conhece o que é bom para ele muito mais que eles mesmo. Acima de tudo Ele os entende melhor que eles mesmos! Os incrédulos, que crêem que seu destino está nas suas próprias mãos, só tem de temer o futuro, já que um único deslize pode levá-los ao desastre, ao passo que os cristãos não tem o que temer: eles podem entregar o futuro a Deus e então se deleitarem na sua orientação.
Salomão escreveu: “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento, reconhece-o em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas” (Pv. 3:5-6) Saber que Deus está no controle faz os cristãos felizes enquanto estão em dificuldades tanto como depois quando olham para trás e vêem como Deus os dirigiu. Além disso, esta felicidade cristã persiste, seja qual for o tipo de dificuldade sofrida. Os cristãos não tem o direito de decidirem que espécie de sofrimento irão experimentar; não podem dizer, por exemplo, que estão preparados para perderem suas posses, mas não sua saúde. São felizes, não importa o sofrimento que possa vir. Talvez um sofrimento venha após outro até que suas vidas pareçam ser feitas de problemas; entretanto, lá no fundo do coração eles ainda se encontram verdadeiramente felizes.
Pode dar-se o caso de seus problemas parecerem não ter mais fim mas mesmo assim lá no íntimo são felizes. E Deus, que planejou integralmente suas vidas, é glorificado nisso. Asafe declarou: “A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.