segunda-feira, 23 de março de 2009
SALVANDO DA FOME OS DE BARRIGA-CHEIA
foto por: http://www.flickr.com/HORIZON
"Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic,
nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte,
em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará,
na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar
uma infinidade de líderes que se sucederam
nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam
necessários para resolver o problema
da fome no mundo.
Resolver, capicce? Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente
magro e sem futuro,
em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político
ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby
ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes,
as mesmas potências, tiraram da cartola
2.2 trilhões de dólares
(700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa)
para salvar da fome quem já
estava de barriga cheia:
Bancos e investidores.
Como uma pessoa comentou,
é uma pena que esse texto
só esteja em blogs e não na mídia de massa,
essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.
Se quiser, repasse,
se não, o que importa?
O nosso almoço tá garantido mesmo"
(Muniz Neto, da Bullet)
Some a esses 2.2 trilhões, as centenas de bilhões de ajuda da China, as centenas de bilhões de ajuda do Brasil e etc... que não estão segurando a crise, pois as demissões e cortes de benefícios continuam.
Quem pode mudar isso? É o pessoal de cima?
Talvez eles poderiam.. mas não vão.
É o pessoal de baixo? Não, sem chance.
Então quem? Qual é a instituição mais poderosa no mundo?
As empresas.
Do que elas precisam para funcionar? De funcionários e clientes.
Somos nós. NÓS podemos mudar as coisas. Como?
* Pensando:
Questione tudo o que você ouve, procure se informar melhor, tenha interesse pelo mundo, procure soluções melhores para os problemas... incluindo sempre responsabilidade com as pessoas e com o meio-ambiente. Incentive outras pessoas a fazerem o mesmo.
* Falando:
Se pronúncie sempre... escreva em blogs, mande cartas, ensine seus filhos, levante sempre a questão da responsabilidade social no seu trabalho, na sua faculdade. Questione, oriente, reclame, não permita, não se omita. Incentive outras pessoas a fazerem o mesmo.
* Agindo
Não ferre o planeta. Não ferre as pessoas. Não se relacione com empresas/pessoas que ferram o mundo. Consuma o que precisa. Faça a diferença que puder na vida das pessoas. Se puder, dê aulas para quem não tem acesso. Leia bons livros. Doe livros. Procure usar softwares livres (Isso é mais importante do que você pensa). Incentive outras pessoas a fazerem o mesmo.
Na verdade, o "como" você vai aprimorando. O que falta é motivação. Porque parece que não vai adiantar. Isso porque é difícil enxergar que em cada diferença positiva que fazemos, estamos plantando uma semente nas pessoas.
Em algumas delas, as sementes darão frutos.. essas pessoas serão bons pais para seus filhos, serão responsáveis no trabalho, ativas em causas sociais.. e distribuírão sementes para outras pessoas e assim a coisa anda!
(Esse papo de "não vai adiantar", sempre me faz lembrar das cartas que "não iam adiantar" do Nicholas Winton)
A diferença que você faz nunca é uma diferença pontual, momentânea.. mas sempre contínua e progressiva! E mudará a vida de muitas pessoas, por várias gerações. Nunca se esqueça disso.
E com a Internet, o custo de espalhar idéias e fazer a diferença é zero! E o alcance é imenso! As empresas morrem de medo de caírem no boca-a-boca negativo das comunidades virtuais.
A mentira tem perna curta na Internet, logo que um internauta sabe, o google e quem quiser fica sabendo também. A Internet é o caminho para tornar um mundo um lugar mais livre, mais justo, mais humano. Ou não. Depende da gente.
A minha parte e a de quantos mais eu conseguir, eu vou fazer...
Vídeo com Sean Penn para a World Food Programme
http://www.youtube.com/watch?v=fXYBGe6Gnfw&hl=pt-br