sábado, 11 de abril de 2009
O deus da Lâmpada Mágica
Basta alguns minutos na TV ou na rádio e ele aparece. Sempre com ofertas irresistíveis. Não teme mostrar sua fraqueza, nem seu desespero por companhia. Sua meta é nos livrar dos problemas de nossa existência. Ele ama dinheiro e sacrifício, não teme revelar sua face neoliberalista, e proclama com paixão seus caminhos que nos levam a obtenção de todos nossos desejos. É capitalista e usa bem esta estrutura mercadológica. Ama os fortes da fé, os que decretam sentenças, todavia detesta os duvidosos. Em seu arsenal encontra-se toda sorte de objetos milagrosos. Ele na verdade, se parece com um grande supermercado, você escolhe o que precisa, coloca na cesta, paga no caixa o devido preço e vai viver sua vida.
O deus da lâmpada mágica é assim. Ele ludibria, enfeitiça e mais; usa os nomes e atributos do verdadeiro Deus. Incrível é ver sua força ser proclamada por homens e mulheres, em geral líderes, que por ingenuidade ou picaretagem dão a esta divindade híbrida todo espaço necessário para pescar e cativar as almas.
A reflexão de Rubem Alves, em seu livro "Religião e Repressão" é bem oportuna. Ele diz:
"Os grupos "evangélicos" de hoje, não se preocupam com o destino da alma depois da morte. As pessoas não são convertidas para serem "salvas". Elas se convertem para viver melhor esta vida. O que interessa é a vida antes da morte, neste mundo. O que se busca é a "benção". Deus é o poder magico, que se corretamente manipulado, conserta os estragos que o diabo faz na vida de cada um. Talvez essa seja a razão para seu sucesso (...) Como disse Dostoiévski, "os homens não estão atrás de Deus, estão atras do milagre". Deus é o poder que faz a vontade dos homens, se as fórmulas magicas forem usadas segundo a receita".
Daniel Grubba