quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

NATAL É PAZ

John Henry Jowett

“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem” Lucas 2.13,14 [/]


Dizem, e quando não o fazem, pensam:

- Onde está a boa vontade entre os homens?
- Onde está a paz que nos foi prometida?

E as perguntas continuam nesse tópico. Porém, a mensagem apresentada até aqui, não está completa. Não foi dada a atenção à frase inicial pronunciada pelos anjos: “Glória a Deus nas maiores alturas”. Onde está a glória a Deus?

Nós simplesmente omitimos essa primeira parte. Começamos pelo final e excluímos o início. Qual é a mensagem completa dos anjos, com todas as partes harmonicamente dispostas?

“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.” Lucas 2.13,14

Paz não é algo avulso, sem relação com o restante. A paz está ligada à outra parte da frase e completamente dependente dela. A paz é fruto de determinados relacionamentos e, se esses relacionamentos forem assegurados, a paz será inevitável.

Vejamos alguns exemplos: “Tu, Senhor, guardarás em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque em ti confia” (Isaías 26.3). “Os que amam a tua lei desfrutam paz...” (Salmo 119.165a). “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1).

Em cada uma dessas passagens das Escrituras, a paz é apresentada não como raiz, mas como fruto; o fruto de uma justiça pessoal com Deus. E é exatamente aí que a mensagem dos anjos começa para os pastores, nos campos próximos a Belém. Não começou com boa vontade entre os homens nem com paz na terra, mas com o fator que as produziria: “Glória a Deus nas alturas”.

No entanto, devemos perguntar em meio aos dias escuros pelos quais atravessa a raça humana, em meio a tanta má vontade, a conflitos raciais etc., onde nosso pensamento se inicia? Será que é no mesmo lugar onde começou a mensagem dos anjos, na correção do supremo relacionamento, na reconciliação entre Deus e a raça humana?

Se tão somente déssemos glória a Deus nas alturas, a paz na terra seria assegurada e a boa vontade entre os homens estaria presente.


Fonte: Revista Lar Cristão - Ano 16 Edição 77E

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

OS CONGREGACIONAIS E O "DIA DE AÇÃO E GRAÇAS"



Entre os feriados americanos de maior destaque está o "Dia de Ação de Graças". E os Pais Peregrinos, separatistas congregacionalistas, que estão na origem dos Congegacionais americanos, estão diretamente ligados ao mesmo.
Os primeiros separatistas congregacionais, vindos da Holanda e da Inglaterra no famoso navio Myflower, se fixaram em Plymouth Rock em 11 de Dezembro de 1620. Seu primeiro inverno foi devastador. No início do outono seguinte, tinham perdido 46 pessoas das 102 que ali chegaram. Mas a colheita de 1621 foi magnífica. E os restantes colonos decidiram celebrar com uma festa - incluindo os 91 índios que os tinham ajudado a sobreviver neste primeiro ano. A festa foi um festival de "agradecimento" e durou três dias.



Esta festa de "ação de graças" não foi repetida no ano seguinte. Mas, em 1623, durante uma grave seca, os peregrinos se reuniram em oração, pedindo por chuvas. Quando uma longa e constante chuva chegou logo no dia seguinte, o governador William Bradford proclamou ali um dia de Ação de Graças, novamente convidando seus amigos índios para a celebração
Foi preciso esperar até junho de 1676 para que outro Dia de Ação de Graças fosse proclamado. Em 20 de junho de 1676, o Conselho de Governadores de Charlestown, Massachusetts, teve uma reunião para determinar a melhor forma de expressar os agradecimentos pela boa fortuna já que tinham visto sua comunidade solidamente estabelecida. Por votação unânime ficou estabelecido proclamar 29 de Junho como um Dia de Ação de Graças.


Outubro de 1777 marcou a primeira vez que todas as 13 colônias americanas se uniram para celebrar esta festa.
George Washington proclamou um Dia Nacional de Ação de Graças em 1789, embora alguns se opusessem a ele. Houve discordância entre as colônias, sentindo que muitas das dificuldades de alguns irmãos peregrinos não justificava um feriado nacional.
Foi Sarah Josepha Hale, uma editora de revista, cujos esforços acabaram por levar ao que nós hoje reconhecemos como o Dia de Ação de Graças. Hale escreveu muitos editoriais para defender sua causa no Boston Ladies' Magazine e mais tarde, em Godey's Lady's Book. Finalmente, após uma campanha de 40 anos escrevendo editoriais e cartas aos governadores e presidentes, a obsessão Hale tornou-se realidade quando, em 1863, o Presidente Lincoln proclamou a última quinta-feira de Novembro como um dia nacional de Ação de Graças. A data foi mudada algumas vezes, mais recentemente por Franklin Roosevelt. E em 1941, o Dia de Ação de Graças foi finalmente sancionado pelo Congresso como um feriado, como a quarta quinta-feira de Novembro.
(Texto copiado: http://historiacongregacional.blogspot.com
Este é mais um marco histórico na vida do povo Congregacional.
Saiba mais:
http://www.matthewcmanning.com/archives/messages/thanksgiving.asp

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Regime Congregacionalista

O regime de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde cada congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonomia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos seguintes princípios:
1. Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e disciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qualquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a autoridade decisória final do governo de cada igreja local.
2. Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que uma Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada de Igreja.
3. As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são inter-dependentes e estão inter-comprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa comunhão. Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto, essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão à serviço delas.

Congregacionalismo no Brasil

O Congregacionalismo Brasileiro não tem suas origens históricas no Congregacionalismo Britânico ou Norte-Americano, mas sim no trabalho missionário indenominacional realizado pelo médico-missionário escocês de origem presbiteriana Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley, que chegaram ao Brasil em 1855. Eles começaram um trabalho de evangelização e mais tarde fundaram, no Rio de Janeiro, a Igreja Evangélica Fluminense (11/07/1858), a Igreja Evangélica Pernambucana, no Recife, e uma congregação que se tornou Igreja Evangélica de Niterói (1863,atual 1ª Igreja Evangélica e Congregacional de Niterói). Todas essas igrejas eram apenas igrejas evangélicas brasileiras, sem nenhum vínculo denominacional com igrejas no exterior.
Apesar de ter sido batizado na Igreja da Escócia (presbiteriana), Kalley não possuía vínculos com nenhuma denominação e, ao estabelecer igrejas no Brasil, se afastou da tradição presbiteriana, rígida em matéria de organização eclesiástica, e introduziu uma estrutura congregacionalista, onde cada igreja local é independente e autônoma. Além disso, Kalley deixou também a prática do batismo infantil, que é realizado tanto por Presbiterianos quanto por Congregacionais. Por causa disso, algumas pessoas identificaram as igrejas que Kalley fundou como batistas. Quando o missionário William Bowers foi enviado ao Recife para pastorear a Igreja Evangélica Pernambucana, por um equívoco foi divulgado que ele estava sendo ordenado para o pastorado de uma igreja batista. Acerca disso Kalley se pronunciou e escreveu enfaticamente demonstrando sua desaprovação:
"Desde o início o nome da igreja tem sido, 'Igreja Evangélica', e ela é filha da Igreja Evangélica do Rio, e nenhuma das duas têm sido igrejas batistas... Eu não sou batista; não tenho nada a ver com diferenças denominacionais... Eu sabia que ele [Bowers] foi batizado como crente e que se opõe ao batismo de crianças. Eu sabia que ele não considera a imersão como essencial ao batismo cristão em água, e me dispus a conduzí-lo ao pastorado da igreja sem nenhuma inovação, e fiquei feliz por poder ajudá-lo a ir e trabalhar como ministro cristão (como eu sempre tenho sido), sem restrições denominacionais" [1]
Era dessa forma que Kalley definia a si mesmo: um ministro cristão, sem restrições denominacionais. Ainda acerca da Igreja Evangélica Pernanbucana, Kalley escreveu em outra ocasião:
"A Igreja Evangélica Pernambucana não pertence a nenhuma denominação estrangeira; não é presbiteriana porque esta considera válido o batismo romano e pratica o batismo de crianças; aproxima-se mais da denominação batista, mas prefere ter a liberdade de admitir à comunhão qualquer crente fiel e obediente ao Senhor... É, pois, uma igreja evangélica brasileira" [2].
Em 1913, as Igrejas originadas do trabalho de Kalley se agruparam na União de Igrejas Evangélicas Indenominacionais do Brasil, que mais tarde, depois de várias mudanças de nome, seria chamada de União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (UIECB). O termo "Congregacional" foi adotado por essas igrejas (apesar da resistência inicial) para designar a forma de governo pela qual são regidas, e não para indicar suas origens históricas, uma vez que essas igrejas são fruto de um trabalho indenominacional, sem nenhuma relação com as Igrejas Congregacionais Britânicas ou Norte-Americanas.
A UIECB junto com a AIECB (Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil), constituem as duas principais e maiores fraternidades do Congregacionalismo brasileiro.
As Igrejas originadas do trabalho de Kalley, subscrevem como declaração de fé a Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo. Elas batizam adultos por aspersão, não batizam crianças, e em seu corpo eclesiástico possuem pastores, presbíteros e diáconos.
Outros grupos congregacionalista brasileiros são:
• Igreja Cristã Evangélica do Brasil, que por algum tempo esteve associada com a UIECB.
• Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, de origem alemã pietista, sua presença está concentrada em sua maior parte na Região Sul do Brasil.
• Associação das Igrejas Congregacionais Conservadoras do Brasil (AIECCB) - formada em 1998 em uma assembléia realizada na Igreja Congregacional da Avenida Canal em Campina Grande - PB.
• Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras
• Comunhão das Igrejas Bíblicas Congregacionais
A UIECB é um dos membros fundadores da Fraternidade Mundial Evangélica Congregacional.

sábado, 6 de dezembro de 2008

CRÔNICA DO QUINTO DIA (SEGUINTE)

(Amados Irmãos)

Por Edson e Ilana Mesquita
Primeira Igreja Batista de Blumenau

Graça e paz, irmãos

Hoje é o quarto dia consecutivo de sol, contrariando as previsões meteorológicas! Isso ajuda bastante na limpeza da cidade, porém em alguns lugares ainda há até um metro e meio de lama. As máquinas não conseguem fazer um trabalho mais rápido enquanto não secar.

Das mil e oitocentas ruas da cidade, mais de oitocentas foram danificadas e ainda há trezentas totalmente bloqueadas.

O Exército continua controlando o acesso às áreas de risco. Trinta e cinco por cento do território da cidade é agora considerado área de risco. Sessenta por cento das áreas desocupadas não poderão mais ser ocupadas. Os abrigos estão lotados ainda (escolas, igrejas, creches, centros sociais). As pessoas não têm para onde ir, pois perderam suas casas, móveis, mas também o terreno; diferente das outras enchentes que, após baixarem as águas, todos retornavam às suas próprias casas e a vida voltava ao normal.

Alguns conseguiram lugar em casas de familiares, parentes e amigos, ou conseguiram alugar as últimas casas e apartamentos disponíveis. Agora não há mais casas para alugar. Os que estão nos abrigos terão que ficar lá até que novas casas sejam construídas. Muitas pessoas estão indo embora da cidade, voltando para suas cidades de origem, pois ficaram traumatizadas com a tragédia, e também porque não têm mais moradia.

O fornecimento de água e energia elétrica, aos poucos, vai voltando ao normal. Em alguns lugares nasceram verdadeiros rios que ainda correm pelo meio das ruas e estradas. A revista Veja usou o termo "dilúvio" para denominar o acontecido. Agora temos uma pequena noção do que significa um dilúvio. O fenômeno climático que causou o que está sendo considerada a maior catástrofe natural do Brasil não pode ser explicado. Explica-se como aconteceu, mas não o porquê. Foi simplesmente um mistério!

"As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram" (Sl. 77:16).

Pouco mais de uma semana depois, o Conselho de pastores da cidade, criou um comitê de técnicos para elaborar um projeto de construção de casas populares. A prioridade emergencial do poder público, agora, é a recuperação da malha viária.

Os pastores, conscientes de seu papel profético e sacerdotal, têm a grande oportunidade de se posicionarem como pastores de uma cidade e não mais de uma igreja local.

A Voz da Primeira Igreja Batista de Blumenau

CRÔNICA DO DIA SEGUINTE

(The Day After)

Por: Pastor Edson e Ilana Mesquita
Primeira Igreja Batista de Blumenau

Blumenau vive um momento trágico. Não há precedentes na história de nossa cidade. Palavras jamais poderiam expressar as cenas diante de nossos olhos.

Finalmente, consegui um ponto de internet, depois de dois dias ilhado, totalmente isolado de minha família e dos irmãos. Fomos celebrar um casamento sábado à noite no interior da cidade vizinha de Gaspar e não conseguimos mais retornar. Minha esposa ainda está lá, longe de casa, até que as estradas sejam liberadas. Cheguei à minha casa um pouco a pé, um pouco de carona, passando por muita lama, barreiras, áreas alagadas... Graças a Deus encontrei meus familiares bem. Vários irmãos que estavam em retiros no final de semana estão ilhados e isolados desde sábado.

O que aconteceu em Blumenau é algo inexplicável. Os montes simplesmente vieram abaixo. Não foi uma enchente como todas as outras que já atingiram nossa cidade no passado.

Para que vocês tenham uma idéia, vou tentar explicar: As enchentes acontecem quando o Rio Itajaí Açu transborda. Aos poucos a água vai atingindo os pontos mais baixos a partir do rio, ou seja, de baixo para cima. As enxurradas são águas que vêm de cima para baixo. O que aconteceu aqui foram as duas coisas.

Há três meses chovia sem parar em toda a região. Era uma chuva fraca, mas, aos poucos, foi encharcando o solo até que ficou sem a possibilidade de absorver mais a água que caía. No sábado à tarde, dia 22, uma enxurrada caiu sobre a cidade e as montanhas começaram a cair, arrastando casas inteiras com as famílias em seu interior. Mas isso foi apenas o começo. Depois daquela, sucessivas enxurradas começaram a cair durante toda a noite de sábado e o dia de domingo. Os ribeirões, afluentes do Rio Itajaí, transbordaram, ao mesmo tempo em que o nível do Rio Itajaí subia com as águas que desciam das chuvas que caiam no Alto Vale. As águas da enxurrada não tinham vazão e a correnteza foi arrastando tudo o que vinha pela frente.

Olhando ao redor, parece que não ficou um ponto onde os montes não deslizaram. Não são áreas de risco, desmatadas, mas áreas com vegetação espessa, abundante, bem florestadas, que vieram abaixo. A vegetação não segurou as montanhas. É inexplicável e indescritível toda essa situação. Ricos e pobres foram atingidos.

Estamos dando suporte às pessoas atingidas na medida do possível. Milhares de pessoas perderam suas casas com tudo que tinham. Diferente das outras enchentes, elas não tem para onde ir agora. Os que conseguiram sair de suas casas apenas com a roupa do corpo estão agradecidos a Deus por suas vidas.

Ainda estamos, aos poucos, tomando conhecimento da situação. A comunicação é bem precária. Não há água potável nem luz. E não se tem previsão certa de quando tudo será normalizado. O lodo cobre a maioria das ruas e casas.

Como profetas, sabemos que tudo o que acontece no reino físico é uma mensagem do reino espiritual. Assim como Jó, no momento da aflição, se aproximou de Deus para depois conhecê-Lo na intimidade e dizer: “Agora meus olhos te vêem...”, cremos também que esta tragédia inclinará o coração desta cidade para Deus. Blumenau será chamada Cidade do Senhor.

O Senhor mudará nossa sorte! Não só nos restituirá, mas nos levará debaixo de um temor nunca antes experimentado para uma restituição em dobro, assim como fez com Jó.

Temos plena consciência de nossa responsabilidade sobre este território. Não ignoramos o que pode causar as catástrofes. Por favor, orem por nós, orem pela igreja em Blumenau, para que haja arrependimento. Orem pelos sacerdotes, para que exerçam seu papel de chorarem entre o pórtico e o altar e cessarem as competições, e divisões, e invejas, e amarguras..., para que venha a restauração e a restituição. Orem pela nossa unidade, pois é assim que conquistaremos esse território e veremos todo joelho se dobrando e toda língua confessando que Jesus Cristo é o Senhor.

Obrigado por ouvirem nosso apelo.

Fiquem na paz,