domingo, 22 de janeiro de 2012

A Humanidade de Cristo






Por R. C. Sproul

João 1.1-14; Gálatas 4.4; Filipenses 2.5-11; Hebreus 2.14-18; Hebreus 4.15

Uma das doutrinas mais vitais do Cristianismo histórico é que o Deus Filho to­mou uma verdadeira natureza humana. O grande Concilio de Calcedônia, no ano 451 da era cristã, afirmou que Jesus é verdadeiramente homem e verdadeira­mente Deus, e que suas duas naturezas são assim unidas, sem mistura, confusão, separação ou divisão, cada natureza retendo seus próprios atributos.

A humanidade real de Jesus tem sido atacada principalmente em dois aspectos. A Igreja primitiva teve de lutar contra a heresia do docetismo, a qual ensinava que Jesus não tinha um corpo físico real ou uma verdadeira natureza humana. Essa doutrina argumentava que Jesus apenas "parecia" ter um corpo, mas na realidade ele era uma espécie de ser fantasmagórico. Justamente contra isso, João declarou veementemente que aquele que negasse que Jesus realmente se manifestou na carne era do Anticristo.

A outra grande heresia que a Igreja rejeitou foi a heresia do monofisismo, a qual argumentava que Jesus não tinha duas naturezas, mas apenas uma. Essa natureza única não era totalmente divina nem totalmente humana, mas um misto de ambas. Essa natureza era chamada "teantrópica". A heresia do monofisismo defende uma natureza humana deificada ou uma natureza divina humanizada.

Formas sutis de monofisismo têm ameaçado a Igreja em todas as gera­ções. A tendência segue na direção de permitir que a natureza humana seja engolfada pela natureza divina de tal maneira que as limitações reais da humani­dade de Jesus são removidas.

Temos de distinguir entre as duas naturezas de Jesus sem separá-las. Quando Jesus demonstrava fome, por exemplo, vemos isso como uma manifes­tação da natureza humana, não da divina. O que se diz sobre a natureza divina ou da natureza humana pode ser afirmado com relação à pessoa. Na cruz, por exemplo, Cristo, o Deus-homem, morreu. Isso, entretanto, não quer dizer que Deus morreu na cruz. Embora as duas naturezas permanecessem unidas depois da ascensão de Cristo, ainda temos de distinguir as naturezas, considerando o modo como ele está presente conosco. Com relação à sua natureza humana, Cristo não mais está presente conosco. Entretanto, em sua natureza divina, Cris­to nunca está ausente de nós.

A humanidade de Cristo é como a nossa. Ele tornou-se homem "por nossa causa". Ele entrou em nossa situação para agir como nosso Redentor.

Tornou-se nosso substituto, tomando sobre si nossos pecados, a fim de sofrer em nosso lugar. Ele também tornou-se nosso campeão, cumprindo a Lei de Deus em nosso favor.

Na redenção, existe uma dupla mudança. Nossos pecados são atribuí­dos a Jesus. Sua justiça é atribuída a nós. Ele recebe o castigo merecido pela nossa humanidade imperfeita, enquanto nós recebemos a bênção por causa da sua humanidade perfeita. Em sua humanidade, Jesus tinha as mesmas limitações comuns a todos os seres humanos, exceto que ele era sem pecado. Em sua natureza humana, ele não era onisciente. Seu conhecimento, embora fosse acurado e exato, não era infinito. Havia coisas que ele não sabia, como por exemplo, o dia e a hora de sua volta à Terra. E claro que em sua natureza divina ele é onisci­ente e seu conhecimento é ilimitado.

A Humanidade de Cristo, Jesus estava restrito pelo tempo e espaço. Como todo ser humano, ele não podia estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Ele suava. Sentia fome. Chorava. Sofria dores. Ele era mortal, capaz de sofrer a morte. Em todos esses aspectos, Jesus era como nós.

Fonte: Eleitos de Deus

Via: Teologia em Foco