quarta-feira, 29 de abril de 2009

RESPOSTAS A EDIR MACÊDO



Autor: Danilo Miguel



Cansado de ser atacado de todos os lados, principalmente na blogosfera cristã nos últimos tempos, o bispo (sic) Edir Macedo, da Igreja (sic) Universal do Reino de Deus escreveu um texto contra-atacando seus "adversários". Reproduzo abaixo o texto:


A título de argumento aos amigos e, especialmente, ao povo da Iurd gostaria de fazer algumas colocações interessantes.

Será que os que me acusam de aproveitador, vigarista e ladrão não gostariam de estar em meu lugar???…

Será que eles me acusam porque são honestos, íntegros, verdadeiros e santos?
E se a santidade deles é tão acentuada assim, por que não são tão abençoados por Deus como gostariam? Seria Deus injusto para com eles? Que Deus é Esse que abençoa um “bandido” e amaldiçoa os certinhos? Ou será que mesmo na integridade eles não conseguem sucesso porque são incompetentes? E não seria tamanha incompetência a verdadeira razão da inveja?

Vale o pensamento de Theodore Roosevelt: Não é o crítico que conta: o crédito pertence ao homem que está realmente na arena, cujo rosto está sujo de poeira, suor e sangue; que se esforça corajosamente; que fracassa repetidas vezes, porque não há esforço sem obstáculos, mas que realmente se empenha para realizar as tarefas; que sabe o que é ter grande entusiasmo e grande devoção e que exaure suas forças numa causa digna; que no final descobre o triunfo das grandes realizações e, caso venha a fracassar, ao menos fracassa ousando muito, de forma que seu lugar nunca será junto às almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota.”
Edir Macedo em seu Blog.


Como não poderia deixar de ser, uma vez que me enquadro no meio daqueles que denunciam suas práticas nada cristãs e sabendo que se tentasse comentar algo em seu blog não seria publicado, vou deixar minhas impressões quanto ao seu texto. Vamos lá...


A título de argumento aos amigos e, especialmente, ao povo da Iurd gostaria de fazer algumas colocações interessantes.Eu não sei em qual destas classificações uma vez que não sou seu amigo muito menos faço parte do povo da IURD. Será que ele tentou me encaixar no meio dos amigos?


Será que os que me acusam de aproveitador, vigarista e ladrão não gostariam de estar em meu lugar???…

Não, bispo. Jamais gostaria de estar em seu lugar. Nunca o desejei e nunca o desejarei... Prefiro continuar na minha humildade, sem carro importado, sem mansões, sem templos luxuosos, sem jatinhos particulares, sem milhares de homens e mulheres me bajulando e puxando o saco querendo ter algum destaque ao meu lado, sem bispo carregando dinheiro ilegal na cueca. Nada! Não preciso disso. Somente o Evangelho de Jesus Cristo, que diz que devemos amar a Deus sobre todas as coisas, que não devemos tomar a forma deste mundo, que diz que se quisermos ser amigos de Deus temos que ser inimigos do mundo, somente este me basta.

Prefiro morrer pobre, andando de bicicleta e ter a certeza da salvação em Cristo, do que ter todos os bens que este mundo pode proporcionar e ir queimar no inferno. Ah!, a propósito: o senhor acredita no inferno ou será que só pelo fato de acreditar e pregar inúmeros rebatismos, acha que é suficiente para livrar o homem da ira de Deus? Purgatório, talvez, seria isso que o senhor acredita?

Definitivamente: não quero estar em seu lugar de aproveitador, vigarista e ladrão.


Será que eles me acusam porque são honestos, íntegros, verdadeiros e santos?
Não! Não sou honesto, nem íntegro muito menos verdadeiro e santo. Enquanto estiver nesta terra não serei. Pelo menos agora estou sendo honesto e verdadeiro. O Senhor é quem me justifica. Eu sou homem como todos o são, como o senhor o é, cheio de falhas e erros. Mas acredito que o que me diferencia do senhor é o arrependimento. Errei e erro, mas sempre buscando a perfeição em Cristo. E quando erro, procuro logo me corrigir diante de Deus, me aproximando d'Ele com humildade, reconhecendo minha falha, clamando pelo Seu perdão e Sua misericórdia. Eu não vivo no pecado, na mentira, no engano. (I João 2:1)


E se a santidade deles é tão acentuada assim, por que não são tão abençoados por Deus como gostariam? Seria Deus injusto para com eles?Qual a sua definição para benção? Ou, só pelo fato de eu ser abençoado eu estou sendo aprovado por Deus? Primeiramente seria interessante saber a opinião do bispo (sic) quanto ao que é ser abençoado, para depois prosseguir. Mas como podemos antever uma possível resposta (ser abençoado é ter carros, casas, dinheiro, empresas, etc... Pelo menos é o que se vê pela televisão) posso adiantar que, ter uma vida próspera não é sinal de benção de Deus. Ter uma vida planejada, saber levar as contas em dia, ter visão estratégica e empreendedora, ser dinâmico e eficaz não precisa, necessariamente, contar com a benção de Deus para ter certa prosperidade. Vide a vida de tantos e tantos homens de negócios que não tem o menor vínculo com Deus (alguns até debocham d'Ele) e são milionários, bilionários... Deus tem algum compromisso com estes?

Qual sua definição para santidade? E qual a relação santidade/benção? O fato de eu me esforçar para levar uma vida santificada so Senhor me dá direitos de decretar minha benção? Ou faz de Deus meu servo? Não, bispo (sic), não é essa a teologia que eu (e a grande maioria dos cristãos) aceitamos. Deus é Senhor, não servo.


Que Deus é Esse que abençoa um “bandido” e amaldiçoa os certinhos?
Eu senti um tom de deboche e sarcasmo ou foi impressão minha? Está tentando se justificar pelas "bençãos" que tem recebido, dizendo com isso que é mais santo que os demais? Ora, nobre bispo (sic), vamos para a Palavra - a de Deus, não a sua - e justifique-se por ela.


Ou será que mesmo na integridade eles não conseguem sucesso porque são incompetentes?

Para tudo! Para tudo! Estamos falando de benção divina ou de competência humana? Não disse, lá no início que a pessoa não precisa ser, necessariamente, abençoada por Deus para ser próspera? Pois bem, o senhor está aqui apenas concordando comigo. É necessário competência, quando não se conta com a benção de Deus. Agora, sinceramente, eu prefiro ficar com a segunda. Não que não seja competente o suficiente para galgar meus desejos e planos, mas é que como cristão, principalmente no que concerne à ministério e à Obra de Deus, prefiro contar única e exclusivamente com a provisão divina pois minha competência falha e é insuficiente, mas o poder de Deus e sua misericórdia são inerrantes e duram para sempre. Equívoco de sua parte, nobre bispo (sic).

Para terminar o senhor tem a capacidade de citar o pensamento de um homem qualquer (tudo bem, foi presidente dos EUA, mas e daí?) para atacar seus "atacantes". Onde fica a Palavra de Deus? Por que não usou dela para se justificar? Sua teologia é pautada pelo que Deus disse ou pelo que os homens falam? A situação é mais crítica do que eu pensada e simplesmente corrobora a minha tese de que suas crenças estão baseadas em preceitos humanos, não em Deus.

Misericórdia do Senhor para com sua vida e, principalmente, para com a vida dos que o seguem para que enxerguem a Verdade antes que seja tarde demais. Quanto a mim, continuarei com meu trabalho de desmascarar as mentiras e abusos no meio cristão, mesmo com todas as minhas péssimas qualidades, mesmo sem ter carros, fama ou riquezas deste mundo, mas sempre pautado na Palavra de Deus.

Ah!, só para garantir que ficou bem claro, senhor Edir Macedo: não! Eu não quero estar em seu lugar!


Autor: Danilo Miguel
Fonte: [ http://semforma.blogspot.com ]
Via: [Blog Bereianos]

terça-feira, 28 de abril de 2009

O QUE ESTÁ POR TRÁS DO ACORDO ENTRE O BRASIL E O VATICANO





Um acordo assinado entre o governo brasileiro e o Vaticano no fim do ano passado e que agora tramita no Congresso Nacional está deixando setores da Igreja Evangélica nacional bastante preocupados. Os detalhes, que começaram a ser acertados durante a visita do papa Bento XVI ao país, em 2007, estão no documento Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil, firmado no dia 13 de novembro de 2008, durante visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Estado do Vaticano. O instrumento leva as assinaturas dos ministros do Exterior da Santa Sé, D.Dominique Mamberto, e do Brasil, o chanceler Celso Amorim. Negociado sem um debate mais amplo e sem a divulgação adequada – apesar da comitiva de jornalistas que acompanhava o presidente, as notícias veiculadas sobre o assunto não detalharam aspectos do tratado –, o acordo, em tese, apenas regulamenta o funcionamento da Igreja Católica Apostólica Romana em território brasileiro. Mas também pode desencadear interpretações enviesadas e tendenciosas.

Submetido mês passado ao Legislativo na forma da Mensagem 134/2009, o documento deverá ser apreciado pelas Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) e pela de Constituição e Justiça e de Cidadania – CCJC. No momento, o acordo aguarda a designação dos relatores responsáveis pelos pareceres em cada Comissão. Com 20 artigos, ele trata de diversos assuntos, incluindo amenidades como as relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Estado brasileiro e o reconhecimento mútuo de títulos e graduações acadêmicas. Mas alguns de seus trechos geram polêmica, como o que trata do ensino religiosos nas escolas e da natureza e conservação do patrimônio da Igreja e instituições católicas. Representantes de órgãos ligados à Igreja Evangélica já manifestam preocupação. “A proposta de ensino religioso, nos termos do Artigo 11 do acordo, contrapõe o princípio de laicidade do Estado”, aponta o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper).

Em manifesto, a entidade reclama que o conteúdo do acordo não passou por um debate público, aberto e transparente sobre as implicações que poderiam trazer à sociedade brasileira. “O processo democrático exige que as questões de interesse público sejam amplamente debatidas pela sociedade”, lembra o Fonaper. O fórum expressa maior preocupação em relação à parte que trata do ensino religioso. No entender do organismo, a menção específica ao ensino católico nos currículos escolares contraria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.475), que estabelece que o ensino religioso deve ter caráter amplo, baseado nos princípios e valores comuns a toda as religiões “como forma de exercitar e promover a liberdade de concepções”. Para o Fonaper, a proposição poderia expressar uma concepção de ensino religioso a serviço das instituições religiosas – no caso, o catolicismo – e não da educação. “Poderia a Igreja Católica transformar tal espaço em aulas de religião, para catequização e doutrinação religiosa?”, indaga o manifesto.

Além disso, o status do tratado confere à Igreja Católica uma representatividade que as demais confissões jamais terão, já que é ligada a um Estado estrangeiro. O Colégio Episcopal da Igreja Metodista também veio a público manifestar sua contrariedade com a iniciativa, em nota assinada pelo seu presidente, bispo João Carlos Lopes. Lembrando que o direito à liberdade religiosa é um dos pilares das sociedades democráticas, o órgão denominacional denuncia que ele fere preceitos constitucionais relativos à separação entre a Igreja e o Estado e apela aos legisladores para que não referendem o acordo.

Patamar diferenciado
– “Ratificar o acordo significará o Congresso Nacional alçar a Igreja Católica, por meio de um acordo internacional, a um patamar oficialmente diferenciado das demais religiões”, critica a professora Roseli Fischmann, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, uma vez aprovado pelo Legislativo, o texto – que chama de concordata entre um Estado laico, o Brasil, e um teocrático, o Vaticano – passa a integrar o direito brasileiro, “atropelando processos legislativos complexos como os que a ordem constitucional garante, tanto do ponto de vista processual da técnica legislativa, quanto das negociações políticas inerentes à democracia”. A estudiosa lembra que o texto assinado busca justificação baseando-se, de um lado, nos documentos do Concílio Vaticano II e no Código Canônico, o que, no seu entender, pode representar uma regulamentação da esfera civil baseada em normas religiosas. “A Igreja Católica, como religião, tem direito de escolher a norma que quiser para regulamentar a vida de seus seguidores, mas estes também precisam ver respeitados seus demais direitos como cidadãos brasileiros, sendo que poderão invocá-los quando quiserem, sem restrições ou privilégios.”

Outro item polêmico do acordo binacional é o que versa sobre isenções fiscais para rendas e patrimônios de pessoas jurídicas eclesiásticas, mencionadas no artigo 15. É que existe uma grande preocupação sobre o uso da imunidade tributária das receitas das igrejas, e não apenas a Católica. Uma das cláusulas determina que imóveis, documentos e objetos de arte sacra integram o patrimônio cultural brasileiro, e que tanto a Igreja quanto o poder público passam a ser responsáveis pela sua manutenção. Em tese, o dispositivo abre brecha para que recursos públicos sejam investidos na conservação de bens de natureza privada. “Mais que estabelecer o território dos templos católicos como se tivessem imunidade diplomática, o acordo estende seu braço normativo e restritivo de direitos estabelecidos pela Constituição Federal ao conjunto da cidadania brasileira”, insiste Roseli.

Apontada pelo Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé como instância representativa do catolicismo nacional junto ao governo brasileiro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende que seu conteúdo não concede privilégios à Igreja Católica. Em nota divulgada logo após a assinatura do tratado, a CNBB afirma que ele “não concede privilégios à Igreja Católica nem faz nenhuma discriminação com relação às outras confissões religiosas”. A senadora Ada Mello (PTB-AL) também defende a constitucionalidade do tratado. Segundo a parlamentar, ele apenas “formaliza aspectos já vigentes no dia-a-dia do país”.

Na verdade, o documento firmado entre o Executivo brasileiro e o Estado do Vaticano não foi uma resolução nova. Há alguns anos, a Santa Sé vem trabalhando para fazer com que o maior país católico do mundo firmasse o compromisso. O assunto foi discutido muitas vezes nos últimos anos dentro de vários ministérios em Brasília, visando à formulação do texto. O caráter sigiloso da matéria é que chama a atenção. De forma semelhante, em 2004, um tratado do gênero foi assinado entre o governo de Portugal, outra nação tradicionalmente católica, e o Vaticano. Desde então, uma comissão paritária , com membros nomeados pelas duas partes, tem poder de decisão sobre assuntos nacionais, como o ensino religioso nas escolas públicas.

“Na medida em que o acordo contenha direitos e prerrogativas para a Igreja Católica, esperamos que o governo brasileiro os estenda, com naturalidade, às demais confissões, pois trata-se de preceito constitucional que não pode ser ferido”, defende o pastor Walter Altmann, presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Em uma carta pastoral, o dirigente avalia a substância do acordo quanto às suas consequências e repercussões em relação à liberdade de culto, ao ensino religioso nas escolas públicas e ao reconhecimento dos ministros religiosos. “São assuntos que dizem respeito não apenas à Igreja Católica, mas também às demais igrejas. Nesse sentido, lamentamos que o acordo tenha sido elaborado, negociado e, por fim, assinado sem que tivesse havido uma troca de idéias e um diálogo com outras confissões religiosas, bem como com a sociedade em geral”, enfatiza a carta.

Fonte: www.cristianismohoje.com.br Através: Cristianismo Radical

sábado, 25 de abril de 2009

A noiva estava linda...





Por Ronaldo Lidório


Há um ar de desapontamento com a Igreja em nosso país. Ouço vozes esmorecidas e vejo olhares que não brilham mais. É o desencanto com a Noiva.

Noto que a desilusão vem pela tristeza ao ver cenários onde o louvor e a pregação se transformam em fonte de lucro e não conseqüência de corações transbordantes. Pela proliferação de igrejas cada vez mais cheias, porém aparentemente tão vazias, menos comprometidas com a Palavra, sem sêde de santidade e paixão pelos perdidos. Segue pela tênue linha que por vezes parece não distinguir muito bem Igreja e mundo, especialmente quando o binômio interesse e finanças se apresenta, e ainda pela dificuldade em identificar a Igreja de Cristo em meio aos movimentos religiosos.

O desencanto faz o povo olhar para o passado e relembrar os velhos tempos. Comenta-se sobre os pastores à antiga e dias quando a Igreja ainda via simplesmente na Palavra razão suficiente para o santo ajuntamento. Tempos quando o constrangimento por ser crente era resultado da discriminação, porém jamais identificação com o injusto e o desonesto. Por fim suspira-se desanimado.

Em momentos assim é preciso lembrar que Jesus jamais perdeu o absoluto controle sobre a história da Igreja. Jamais foi surpreendido por coisa alguma em todos estes anos. Jamais deixou de ser Senhor. Apesar das fortes cores de desalento a Noiva está sendo conduzida ao altar e o dia de brilho há de chegar.

Um amigo fez recentemente uma comparação entre a Igreja, a Noiva, e nossas noivas, nossas esposas. Levou-me a pensar no dia de meu casamento. Foi em 9 de dezembro de 1989. Já namorava Rossana há 4 anos e, apaixonados, chegamos ao grande dia. Apesar do amor e alegria pelo dia chegado tudo parecia fadado ao fracasso absoluto. As flores foram encomendadas erroneamente, a ornamentação do templo parecia jamais ter fim, o vestido apresentou defeitos de última hora, a maquilagem transcorria em um quarto apertado e com incrível agitação. A noiva chorou pelos desencontros do dia. O andar de cima da casa de meu sogro onde ela se arrumava tornou-se, aos meus olhos, em um pátio de guerra. Pessoas entrando e saindo apressadas, faces carregadas de ansiedade e um tom sempre apocalíptico a cada nova notícia. Ao longo dos anos percebi que os casamentos são parecidos neste ponto. A balbúrdia que cerca a noiva antecedendo seu momento de brilho é emblemática. Aos olhos do passante que vê a agitação sem fim, nada parece ter esperança.

Fui para a cerimônia esperando o pior. Jamais seria possível contornar todos os imprevistos, e o impensado poderia acontecer: a noiva não estaria pronta! Enquanto pensava nisto, ali no altar, eis que ela chega. Estava linda, uma verdadeira princesa. O rosto sorridente, o caminhar lento e seguro, ovestido alvo como a neve, simplesmente perfeita . A música, a ornamentação, as palavras, tudo se encaixava. Que milagre poderia transformar um dia de caos em um momento de brilho tão belo?

As horas de luta, as lágrimas derramadas, os desencontros e desalento foram rapidamente esquecidos e um só pensamento pairava naquele saguão: a Noiva estava linda.

Talvez vivamos hoje dias melancólicos ao visualizar a Igreja quando manchas e mazelas tentam levar nossa esperança para o cativeiro da desilusão crônica. A casa está desarrumada, o vestido da Noiva não nos parece branco, há graves rumores de que ela não ficará pronta.

É, porém, em momentos assim que Deus intervém. Lava as vestes do Seu povo, levanta o caído, renova o profeta, purifica a Igreja e nos dá sonhos de alegria.

Chegará o dia, e não tarda, que seremos tomados por Jesus. Neste dia há de se dizer: Eis o Noivo, é o Senhor que conduz a Igreja. Jamais a deixou só. Como é fiel!

E creio que todos nós também pensaremos, extremamente admirados: Eis a Noiva, como está linda!


“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória;
porque são chegadas as bodas do Cordeiro,
e já a sua noiva se preparou”. Apocalipse 19:7




***
Fonte: Ronaldo & Rosana Lidório Via: Púlpito Cristão

terça-feira, 21 de abril de 2009

Berlim dedica exposição a reformador João Calvino




Diz-se que as ideias de Calvino, reformador da igreja no século 16, inspiraram a democracia moderna e o capitalismo. Hoje, 500 anos após seu nascimento, o Museu Histórico Alemão lhe dedica exposição em Berlim.Com mais de 360 documentos históricos, obras de arte e objetos litúrgicos, a atual mostra de Berlim é a maior exposição na Europa durante o Ano Calvino, que marca os 500 anos do reformador nascido em 10 de julho de 1509, na cidade francesa de Noyon.

A exposição tem como foco a pessoa de Calvino e sua influência na Europa. A mostra também trata de temas como expulsão, migração e minorias — assuntos problemáticos para o continente durante diferentes épocas. O próprio Calvino foi forçado a fugir da França para a Suíça em 1535, quando a tensão religiosa levou a levantes violentos contra protestantes.

Isso aconteceu numa época em que a Europa estava dominada por monarcas e a Igreja Católica tinha grande influência tanto na política quanto na sociedade civil. E fazia apenas duas décadas que o alemão Martinho Lutero havia pregado suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, defendendo a salvação através da fé e acendendo, inadvertidamente, a centelha da Reforma Protestante.

Foi nesse contexto que Calvino desenvolveu e propagou o movimento protestante que se iniciava. Mais tarde, sua doutrina teológica ficou conhecida como calvinismo.

O nascimento do Estado sem corrupção

Em entrevista à Deutsche Welle, o teólogo católico e professor aposentado Arnold Angenendt declara que “o calvinismo influenciou decididamente a forma moderna de vida”. Segundo o teólogo, Calvino é interpretado como aquele que disse que qualquer erro é sinal de que se foi abandonado por Deus.

O calvinismo é conhecido por propagar o trabalho duro, a confiabilidade e o perfeccionismo. Angenendt explica que “a ética calvinista criou o funcionário público responsável e profissional”. Para o historiador, isso significou “o nascimento do Estado europeu”.

Um funcionário público que se comporta conforme a ética calvinista não está passível de envolvimento com a corrupção. Os países ocidentais mais influenciados por Calvino têm governos menos corruptos que seus vizinhos do Leste, afirma Angenendt.

Responsabilidades individuais

As igrejas calvinistas são caracterizadas não somente pela forte consciência ética, mas também pela organização não-hierárquica, diz em entrevista à Deutsche Welle Achim Detmers, da Igreja Luterana na Alemanha. Esta igualdade “democrática”, segundo ele, não traz somente liberdade, mas também responsabilidade.

O calvinismo não prescreve um credo universal para cada situação. Em vez disso, novas situações históricas — como o surgimento do nazismo na Alemanha dos anos de 1930 ou tempos de desigualdade econômica — requerem que fiéis leiam novamente a Bíblia e façam interpretações relevantes, diz Detmers.

A redução da influência política eclesiástica e a ênfase no papel do indivíduo são todos ensinamentos do calvinismo, que têm mais em comum com a moderna democracia europeia do que com as últimas monarquias medievais.

“Calvino defendia um democracia aristocrática. Ele defendia uma separação administrativa da Igreja e do Estado, embora quisesse assegurar que a sociedade estava embasada em princípios cristãos como Os Dez Mandamentos”, explica o teólogo alemão.

Detmers comenta que particularmente em comparação com outras doutrinas, que são organizadas mais hierarquicamente e dão menor valor à participação dos fiéis, o calvinismo oferece às sociedades “modernas” um grande potencial de inovação e reflexão.

Uma solução calvinista para a crise financeira?

O clérigo luterano adverte, no entanto, que não deve ser estabelecida uma ligação muito forte entre Calvino e o desenvolvimento da democracia moderna e do capitalismo, chamando a atenção para o papel exercido por uma série de outros fatores sociológicos e históricos neste contexto.

Se os ideais calvinistas — baseados mais no medo do que na misericórdia — tiveram uma maior influência na sociedade atual, já é uma outra questão.

Na abertura da exposição em Berlim nesta semana, o premiê holandês, Jan Peter Balkenende, salientou que a forte ética de trabalho, que é parte importante da teologia calvinista, “se transformou num sistema moral”.

À luz da atual crise econômica, seria “bom se os mercados financeiros fossem mais fortemente governados por estes princípios”, afirmou Balkenende.

Bastiões da teologia reformista

Mais de 25 milhões de pessoas fazem parte da Igreja Luterana na Alemanha, de acordo com informações da própria Igreja. Desses, dois milhões pertencem às igrejas protestantes reformadas. Outros bastiões da teologia reformista na Europa são a Suíça, a Holanda, a Hungria, a Escócia e a França.

Na Alemanha, os membros das igrejas reconhecidas pelo Estado pagam uma dízimo mensal às Igrejas Católica e Protestante. No país, a Igreja Católica conta oficialmente com 25 milhões de fiéis.

A exposição Calvinismo fica aberta até 19 de julho próximo no Museu Histórico Alemão, em Berlim.

Autora: Kate Bowen

Revisão: Soraia Vilela

Fonte: Deutsche Welle
Divulgação: www.juliosevero.com

sábado, 18 de abril de 2009

O Declínio da Pregação Contemporânea

John F. MacArthur, Jr.

Você já percebeu como diversos comerciais de televisão não falam especificamente sobre os produtos que anunciam? Um anúncio de jeans apresenta um comovente drama a respeito da infelicidade dos adolescentes, mas não se refere ao jeans. Um comercial de perfumes mostra uma coletânea de imagens sensuais sem qualquer referência ao produto anunciado. As propagandas de cerveja são algumas das mais criativas da televisão, mas falam muito pouco sobre a própria cerveja.

Esses comerciais são produzidos com o objetivo de entreter, criar disposição e apelar às nossas emoções, mas não para transmitir informações. Com freqüência, eles são os mais eficientes, visto serem os que fazem melhor proveito da televisão. São produtos naturais de um veículo de comunicação que promove uma visão surrealista do mundo.

A televisão mescla sutilmente a vida real com a ilusão. A verdade é irrelevante. O que realmente importa é se estamos sendo entretidos. A essência não significa nada; o estilo de vida é o que mais interessa. Nas palavras de Marshall McLuhan, o instrumento é a mensagem. Amusing Ouselves to Death (Divertindo-nos até à morte) é um livro perceptivo mas inquietante escrito por Neil Postman, professor da Universidade de Nova Iorque. Ele argumenta que a televisão nos tem mutilado a capacidade de pensar e reduzido nossa aptidão para a verdadeira comunicação. Postman assegura que, ao invés de nos tornar a mais informada e erudita de todas as gerações da História, a televisão tem inundado nossas mentes com informações irrelevantes, sem significado. Ela nos tem condicionado apenas ao entretenimento, tornando obsoletas outras formas de interação humana. Postman ressalta que até os noticiários são uma apresentação teatral. Jornalistas simpáticos relatam calmamente breves notícias sobre guerras, assassinatos, crimes e desastres naturais. Essas histórias catastróficas são intercaladas por comerciais que banalizam suas informações, isolando-as de seu contexto. Em seu livro, Postman registra um noticiário em que um almirante declarou que uma guerra nuclear mundial seria inevitável. No próximo segmento da programação, houve um comercial do Rei dos Hamburgers. Não se espera que nossa reação seja racional. Nas palavras de Postman, “os espectadores não reagirão com um senso da realidade, assim como a audiência no teatro não sairá correndo para casa, porque alguém no palco disse que um assassino estava solto na vizinhança”.

A televisão não pode exigir uma resposta sensata. As pessoas ligam-na para se divertir, não para serem desafiadas a pensar. Se um programa exige que pensemos ou demanda muito de nossas faculdades intelectuais, ninguém o assiste. A televisão tem diminuído o alcance de nossa atenção. Por exemplo, alguma pessoa de nossa sociedade ficaria de pé, entre uma sufocante multidão, durante sete horas para ouvir os debates dos candidatos a presidente da República? Sinceramente, é muito difícil imaginar que nossos antepassados possuíam esse tipo de paciência. Temos permitido a televisão nos fazer pensar que sabemos mais agora, enquanto na verdade estamos perdendo nossa tolerância na área de pensar e aprender.

Sem dúvida, a mensagem mais vigorosa do livro de Postman está em um capítulo sobre religião. Esse homem não crente escreve com profundo discernimento a respeito do declínio da pregação. Ele contrasta a pregação contemporânea com o ministério de homens como Jonathan Edwards, George Whitefield e outros. Estes homens contavam com um profundo conteúdo, lógica e conhecimento das Escrituras. Em contraste, a pregação de nossos dias é superficial, com ênfase no estilo e nas emoções. Na definição moderna, a “boa” pregação tem de ser, antes de tudo, breve e estimulante. Consiste em entretenimento, não em ensino, repreensão, correção ou educação na justiça (2 Tm 3.16).

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; (2 Timóteo 3:16 ACF)

O modelo da pregação moderna é o evangelista esperto que exagera as emoções, traz consigo um microfone, enquanto anda pomposamente ao redor do púlpito, levando os ouvintes a baterem palmas, movimentarem-se e fazerem aclamações em voz bem alta, ao tempo em que ele os incita a um frenesi. Não existe alimento espiritual na mensagem, mas quem se importa, visto que a resposta é entusiástica?

É lógico que a pregação em muitas das igrejas conservadoras não se realiza de maneira tão exagerada assim. Mas, infelizmente, até algumas das melhores pregações de nossos dias contêm mais entretenimento do que ensino. Muitas igrejas têm um sermão característico de meia hora, repleto de histórias engraçadas e pouco ensino.

Na verdade, muitos pregadores consideram o ensino de doutrinas como algo indesejável e sem utilidade prática. Uma grande revista evangélica recentemente publicou um artigo escrito por um famoso pregador carismático. Ele utilizou uma página inteira para falar sobre a futilidade tanto de pregar quanto de ouvir sermões que vão além de mero entretenimento. Qual foi a sua conclusão? As pessoas não recordam aquilo que você pregou; por isso, a maior parte da pregação é perda de tempo. “Procurarei fazer melhor no próximo ano”, ele escreveu, “isto significa desperdiçar menos tempo ouvindo sermões demorados e gastando mais tempo preparando sermões curtos. As pessoas, eu descobri, perdoarão uma teologia pobre, se o culto matinal terminar antes do meio-dia”.

Isto resume com perfeição a atitude que predomina na igreja moderna. Existe uma semelhança entre esse tipo de pregação e os comerciais de jeans, perfume e cerveja na televisão. Assim como os comerciais, a pregação moderna tem o objetivo de criar uma disposição íntima, evocar uma resposta emocional e entreter, mas não o de comunicar necessariamente algo da essência das Escrituras. Esse tipo de pregação é uma completa acomodação a uma sociedade educada pela televisão. Segue o que é agradável, porém revela pouca preocupação com a verdade. Não é o tipo de pregação ordenada nas Escrituras. Temos de pregar a Palavra (2 Tm 4.2); falar “o que convém à sã doutrina” (Tt 2.1); ensinar e recomendar “o ensino segundo a piedade” (1 Tm 6.3). É impossível fazer estas coisas se nosso alvo é entreter as pessoas.

O futuro da pregação expositiva é incerto. O que um pastor sincero tem de fazer para alcançar pessoas que se mostram indispostas e incapazes de ouvir com atenção e raciocínio exposições da verdade divina? Este é o grande desafio para os líderes da igreja contemporânea. Não devemos nos render à pressão para sermos superficiais. Temos de encontrar maneiras de fazer conhecida a Palavra de Deus a uma geração que não apenas recusa-se a ouvir, mas também não sabe como ouvir.

"Um sermão deve ser a proclamação da verdade divina mediada através do pregador." (D.Martyn Lloyd-Jones)


Fonte: www.monergismo.com

sexta-feira, 17 de abril de 2009

SOMENTE A TI, SENHOR, É MINHA GRATIDÃO

Fazendo uma análise dos últimos anos em que Deus me concedeu de viver na face desta terra, fico lembrando em como o plano Dele na vida de cada um de nós é estranho a nossa vã filosofia. Lembro que por muito tempo estive preso a ilusões que foram geradas por influência mundana, as quais me fizeram sonhar com algo que de longe preencheria o meu coração e confortaria a minha alma. Lembro de quanto perseguia as “bênçãos” e de quanto me decepcionava por não poder alcançá-las.
Hoje sou tão grato ao Senhor por ter usado de misericórdia e por ter me ensinado da maneira que só Deus sabe ensinar os seus filhos, com amor e com objetividade. Lembro de quando perdi tudo, quando o espelho ilusório quebrou-se e junto dele esvaziou-se o meu ser. Lembro do desespero da minha alma quando se viu ao meio de um deserto, perdida, ferida e sem Deus. Lembro como Deus teve piedade de mim quando, depois de tanto tempo me voltei para Ele e com afinco busquei a sua Presença de novo na minha vida.
Pude ver com olhos espirituais o quanto era fundo o poço em que os pratos dessa vida havia me lançado. Certa vez ouvi alguém dizer que a ovelha tem que descer ao vale para saciar sua sede e como uma verdade absoluta, assim aconteceu. Lembro do quanto foi difícil estar só e de como foi ter conforto nos braços do Pai. Quão sublime é conhecer a Graça de Cristo Jesus quando se está jogado ao pó da terra!
Lembro dos milagres que Deus realizou, das promessas que cumpriu, das restituições de vida espiritual, familiar e da decência em que minha vida secular se tornou depois que a Luz do Caminho e da Verdade expulsaram as trevas que habitavam em mim. Lembro da destituição das coisas mundanas, que não vinham do Trono da Glória e que, como um vento, sumiram e voltaram a quem as enviou.
Lembro do presente chamado fé que Deus me deu após ter me limpado de toda a sujeira e, do exemplo que Ele deixou gravado em mim para que pudesse também mostrar a quem precisasse ver o quanto Deus é fiel.
Deus nos dá coisas duráveis e seguras. Lembro dos objetivos que foram trocados, das diretrizes que foram revistas e da convenção de pregar o Evangelho que Ele deu a cada um de nós que Nele cremos e que Nele temos a firme esperança de um dia morar no céu.


Alessandro Monteiro [BLOG MEMBRO DE BANCO]

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem é esse que dá carros aos ricos e escárnio aos necessitados?




Por Danilo Fernandes


Outro dia eu estava parado em um sinal de transito na saída da linha amarela. Olhei para os lados e contei cinco destes adesivos de propaganda de autoria da fina flor destes “apóstolos” da chamada teologia da prosperidade. Antes que eu pudesse refletir a respeito, sinto um cutucar em meu braço, apenas um prenúncio do desconforto que se seguiria aos comentários de um amigo não cristão:

- Acha pouco? Eu vejo esta gente mentirosa desfilando santidade e desapego e só “tomando posse aqui” “prosperando com Cristo ali”; fazendo campanha para comprar carro para depois ficar desfilando pela cidade com adesivo dizendo que foi Jesus Quem deu. Visualiza: Sinal fechado, avenida movimentada. Pedintes e meninos miseráveis presentes. Fome. O que este adesivo diz a respeito do seu Deus a estes miseráveis precisando tão desesperadamente de ajuda? - Eis aqui um “deus” que dá automóveis aos ricos e se cala para nossa miséria. - Gente hipócrita que não pode aplicar na bolsa, mas investe na fogueira santa de Israel!

Claro, Conhecemos as respostas. Esta é a luta. Mas, sinceramente, está feia a coisa! Que desserviço faz ao Reino esta gente!

- Aloôô!? Jesus não padeceu na cruz para que todos tenham a sua BMW!

Que tipo de mensagem é esta que essa gente prega? E quem os segue: - Tolos ou ignorantes? Convertidos ou “impactados”? Quem vai ao açougue se pretende comprar roupas? Pode alguém buscar qualquer coisa mundana e encontrar a Deus? O dinheiro, tanto mais? Enganem-se aqui e ali, mas certas coisas são tão claras. Ditas pelo próprio Senhor Jesus! Por que esta gente decide basear seu ministério numa filosofia que torna ainda mais difícil as pessoas receberem a Salvação? E isto tudo dentro da própria igreja de Jesus! Estes pregadores ajudam o seu rebanho a se libertar de sua escravidão às coisas do mundo para buscar a Deus, ou ao contrário, o que fazem é lhes ferrar ainda mais os grilhões na carne? O que esta gente está fazendo, criando uma geração para testemunhar contra o caráter Santo de Deus?

Não tenho nada contra o dinheiro, mas a maioria serve ao dinheiro; mais inteligente é ter o dinheiro a seu serviço!

Custa muito
ensinar que o nosso Senhor é sim, um Deus de providência. Um Deus de Amor que conhece e aprecia todos os desejos; medos; necessidades; e sonhos de Seus filhos? Mas e o Reino? Custa apresentar a verdade? Custa conclamar o seguir a Jesus, sem agregar junto uma listinha? A campanha infame? Tenham temor! Parem de vender terreno na lua dizendo que a imobiliária é de Jesus! Até onde eu sei o último corretor de imóveis licenciado por Deus no planeta foi Moises! Ainda assim, levou 40 anos para entregar o terreno! E moradia no Céu, só Jesus! Grátis! Sola Fide!

Aos que procuram em necessidade, melhor dizer: - Esqueçam a sua lista de Papai Noel em casa. Noel só sabe das suas renas, mas Jesus te conhece! Ele não precisa de listas! Jesus sabe de cada uma das suas necessidades! Não se preocupe com estas coisas. Nem com o que se perde, e nem com o que se ganha. Ocupe-se, somente. Ocupe-se de buscar o Pai. Faça isto em verdade total. A lista de Jesus é muito melhor, e não tem fim as Suas bênçãos e as Suas misericórdias!

***
Fonte: Genizah [Via: Púlpito Cristão]

FÉ SOB MEDIDA - DOCUMENTÁRIO




“Pode vir dona Maria. Traga a bacia e leva a mercadoria". Me lembro muito bem desta - e outras - frases que eram propagadas pelos megafones afixados gambiarristicamente no alto das velhas kombis que passavam pelo bairro onde morava, vendendo tudo que era tipo de mercadoria. Tinha de roupas e enxovais a panelas e peças para fogão. [...] Na igreja não tem sido nada diferente... [1]


O SBT Brasil exibiu na última semana a série "Fé Sob Medida", com reportagens sobre igrejas criadas para atingir públicos com necessidades específicas. [2]

Você já ouviu alguém dizer que no Brasil nada é mais fácil, rápido e lucrativo que abrir uma igreja. Novas religiões e as novas igrejas multiplicam-se no maior país católico do mundo. Apenas em São Paulo surge uma nova igreja a cada dois dias:




Há igrejas para todas as tribos no Brasil. Atletas, surfistas, homossexuais, tatuados, lutadores, roqueiros, gente que se diferencia pelo visual, fãs de hip hop ou de heavy metal. Confira o vídeo:



A maioria das novas igrejas evangélicas está na periferia das grandes cidades brasileiras. Isso não acontece por acaso. A violência tem um papel importante na criação das inúmeras igrejas e religiões:





73% dos brasileiros ainda são católicos, um número alto, mas bem menor do que era 50 anos atrás, quando então os católicos representavam 90% da população. Os padres reagem a essa constante, e cada vez maior, perda de fiéis.






Na igreja católica, ou nas novas igrejas evangélicas, o Brasil da fé é um retrato do Brasil das ruas: Nem a religião escapou de uma tendência de marcado, em que o que vale é deixar os clientes satisfeitos.

Créditos: [Pulpito Cristão]

terça-feira, 14 de abril de 2009

Didaquê: Ensino do Senhor aos gentios através dos doze apóstolos




Didaquê (Διδαχń em grego clássico) ou Instrução dos Doze Apóstolos é um escrito do primeiro século que trata do catecismo cristão. Didaquê significa doutrina, instrução. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico.

O título lembra a referência de Atos 2,42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos...”.

Estudiosos estimam que seja escritos anteriores a destruição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que fosse escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto à origem sendo na Palestina ou Síria.

Quanto a sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito faça menção aos mesmos; mas estudiosos acreditam na compilação de fontes orais tendo recebido tais ensinos que resultaram na elaboração do mesmo. Também é senso comum que tenha sido escrito por mais de uma pessoa.

O texto foi mencionado por escritores antigos, inclusive por Eusébio de Cesaréia que viveu no século III, em seu livro "História Eclesiástica", mas a descoberta desse manuscrito, na íntegra, em grego, num códice do século XI (ano 1056) ocorreu somente em 1873 num mosteiro em Constantinopla.

Nos escritos da Didaquê, além da catequese e liturgia cristã, o evangelho de Jesus é recomendado. A Didaquê também cita a oração do “Pai Nosso” como sendo “ensinada pelo Senhor” e finda com a afirmação em consonância com o livro Apocalipse, do Novo Testamento, de que Jesus voltará:

“... conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.” [Didaquê 16:7,8]

Nos escritos da Didaquê também são reforçados o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo [7:1,3], sendo argumento para os que aceitam o dogma da Trindade, contrapondo-se a defesa dos não trinitários de que não existiam escritos cristãos do primeiro século que defendessem o batismo no nome de Jesus.

A respeito de Jesus, ainda sobre o batismo, diz: “Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor [Jesus] disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".” [9,5]

Tais escritos também sustentam argumentos de que existiam escritos do primeiro século apoiando a defesa da tese teológica de que Jesus é Deus.

Sobre questões polêmicas como o batismo, adverte para o batismo em imersão; sendo admitido por aspersão na inexistência de água corrente.

Nos escritos da Didaquê há uma similaridade quando se referencia hora ao Pai como o Senhor [Didaquê 10] e hora a Jesus como o Senhor [Didaquê 16], o que é aceito por alguns a interposição entre as duas pessoas. Também fazendo a distinção de pessoa chamando Jesus de servo do Pai.[9,3]

A Didaquê faz registro da celebração da eucaristia no domingo (dia do Senhor):

"Reuni-vos no dia do Senhor, para romperdes o pão e dardes graças" [Didaquê 14,1].

A Didaquê cita diretamente ou faz menção indireta a diversos livros do novo testamento: sendo Mateus, Lucas, I Epístola aos Coríntios, Hebreus, I Epístola da Pedro, Atos dos Apóstolos, Romanos, Efésios, Carta aos Tessalonicenses e Apocalipse.



(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)
Faça o download em http://www.urrodoleao.com.br/estudos-0071.htm

sábado, 11 de abril de 2009

O deus da Lâmpada Mágica





Basta alguns minutos na TV ou na rádio e ele aparece. Sempre com ofertas irresistíveis. Não teme mostrar sua fraqueza, nem seu desespero por companhia. Sua meta é nos livrar dos problemas de nossa existência. Ele ama dinheiro e sacrifício, não teme revelar sua face neoliberalista, e proclama com paixão seus caminhos que nos levam a obtenção de todos nossos desejos. É capitalista e usa bem esta estrutura mercadológica. Ama os fortes da fé, os que decretam sentenças, todavia detesta os duvidosos. Em seu arsenal encontra-se toda sorte de objetos milagrosos. Ele na verdade, se parece com um grande supermercado, você escolhe o que precisa, coloca na cesta, paga no caixa o devido preço e vai viver sua vida.


O deus da lâmpada mágica é assim. Ele ludibria, enfeitiça e mais; usa os nomes e atributos do verdadeiro Deus. Incrível é ver sua força ser proclamada por homens e mulheres, em geral líderes, que por ingenuidade ou picaretagem dão a esta divindade híbrida todo espaço necessário para pescar e cativar as almas.


A reflexão de Rubem Alves, em seu livro "Religião e Repressão" é bem oportuna. Ele diz:


"Os grupos "evangélicos" de hoje, não se preocupam com o destino da alma depois da morte. As pessoas não são convertidas para serem "salvas". Elas se convertem para viver melhor esta vida. O que interessa é a vida antes da morte, neste mundo. O que se busca é a "benção". Deus é o poder magico, que se corretamente manipulado, conserta os estragos que o diabo faz na vida de cada um. Talvez essa seja a razão para seu sucesso (...) Como disse Dostoiévski, "os homens não estão atrás de Deus, estão atras do milagre". Deus é o poder que faz a vontade dos homens, se as fórmulas magicas forem usadas segundo a receita".

Daniel Grubba

terça-feira, 7 de abril de 2009

BEM-AVENTURADOS OS POBRES



Por Daniel Grubba



Os teólogos da prosperidade costumam relacionar pobreza material com maldição. Pobreza é maldição, e por implicação todo pobre é maldito. Um deles chegou a afirmar "a única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foram quando elas estiveram sob uma maldição" [1].

Para nós que vivemos em uma sociedade que organiza sua economia segundo o sistema capitalista, este discurso não chega a ser nenhuma novidade, posto que apenas os mais fortes se destacam em um mercado de concorrência. Os pobres? Segundo o sistema econômico vigente, são fracos e merecem a pobreza como seu salário; 30 milhões que morrem de fome ao ano porque não são bons suficientes para vencer seu concorrente direto. Quem são estes mortos miseráveis? Segundo a religião do mercado, são os "sacrifícios necessários" para o desenvolvimento e progresso econômico.

É evidente que esta necrófila lógica de mercado e a teologia da prosperidade andam de mãos dadas. Para a primeira pobre é um fraco, para a segunda um maldito. Por isto está na hora de passar a criticar não apenas os pressupostos teológicos desta teologia burguesa, mas sua absoluta desumanidade para com os pobres, oprimidos e miseráveis da terra.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Tiago 2.5-6

Será que existe alguma vantagem em ser pobre? O pobre pode ser considerado um bem-aventurado? O que faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Achei algo interessante no livro de Phillip Yancey [2]. Veja algumas vantagens:

Os pobres sabem que têm necessidade de redenção;

Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também interdependência uns dos outros;

Os pobres depositam sua confiança não nas coisas, mas nas pessoas;

Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância;

Os pobres esperam pouco da competição e muito da cooperação;

Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo;

">Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada;

Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados;

Quando os pobres ouvem o evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão;

Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.

Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus...Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação. Lucas 6.20 e 24

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1 - Paulo Romeiro, Supercrentes, p.68
2 - Phillip Yancey, O Jesus que eu nunca conheci, p.122

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Fonte: Soli Deo Gloria / Púlpito Cristão

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Dízimo

Túlio Cesar Costa Leite

A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é nem correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém (Martinho Lutero)

Introdução
O movimento Reformado representou um retorno às Escrituras Sagradas. Como conseqüência, o acúmulo de tradições acrescentadas à fé apostólica foi varrido da igreja. Somos filhos da Reforma e temos a obrigação de julgar nossas próprias práticas à luz da Bíblia, comparando Escritura com Escritura. A máxima igreja reformada sempre se reformando deve ser sempre lembrada e praticada. Deveríamos hesitar em abolir ensinos que não se respaldam na Revelação? Não há erro quando alguém obriga a si próprio a não comer carne, ou guardar determinados dias, ou se abster de algo, ou colocar sobre si qualquer outra obrigação sobre a qual não há mandamento bíblico (Rm 14.2-6). Porém, o erro passa a existir quando pretendemos impor a outra pessoa exigências que a Bíblia não impôs. Pretendo demonstrar a seguir que o dízimo, conforme tradicionalmente ensinado e praticado nas igrejas evangélicas, enquadra-se nesta definição.

Um histórico da prática do dízimo
A igreja pós-apostólica viveu a tensão entre a prática do dízimo e a afirmação paulina de que Cristo nos libertou da lei (Gl 5.1). Nos séculos 5 e 6, encontramos a prática do dízimo bem estabelecida nas áreas antigas da cristandade do ocidente. No século 8 os soberanos carolíngeos tornaram o dízimo eclesiástico parte da lei secular. Já no século 12, os monges que antes tinham sido proibidos de receber dízimos, sendo obrigados a pagá-los, obtiveram certa medida de liberdade ao obterem permissão para receber dízimos e, ao mesmo tempo, tendo isenção do pagamento deles. Controvérsias sobre dízimos sempre surgiram quando pessoas procuravam evitar o pagamento, ao passo que outras tentavam apropriar para si as rendas dos dízimos. Os dízimos medievais eram divididos em prediais, cobrados sobre os frutos da terra; pessoais, cobrados dos salários da mão-de-obra; e mistos, cobrados da produção dos animais. Esses dízimos eram subdivididos, ainda, em grandes, derivados de trigo, feno e lenha, pagáveis ao reitor ou sacerdote responsável pela paróquia; e pequenos, dentre todos os demais dízimos prediais, mais os dízimos mistos e pessoais, pagáveis ao vigário. Na Inglaterra, especialmente por volta dos séculos 16 e 17, a questão dos dízimos foi uma fonte de conflito intenso, visto que a Igreja Estatal dependia dos dízimos para sua sobrevivência.
Implicações sociais, políticas e econômicas eram consideráveis nas tentativas do arcebispo Laud de aumentar o pagamento dos dízimos, antes de 1640. Os puritanos ingleses e outros queriam a abolição dos dízimos, substituindo-os por contribuições voluntárias para sustentar os clérigos. Mas a questão dos dízimos despertou paixões ferozes e amarguras, notáveis dentre todas as questões associadas com a guerra civil inglesa. Depois da guerra, o dízimo obrigatório sobreviveu na Inglaterra até o século 20.2


O texto clássico
Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida. Ml 3.8-10
Este é o texto clássico usado para ensinar aos membros da igreja a prática do dízimo, isto é, a entrega à igreja de 10% do salário bruto mensal.
É concordância generalizada entre os evangélicos que o dízimo não é dado, mas sim “devolvido” a Deus. Não poucos testemunhos confirmam que dar o dízimo acarreta bênção e o contrário traz maldição: “Temos um colega que recebeu uma carta de uma senhora que foi membro de sua Igreja e ele chorou amargamente ao ler aquela carta, porque aquela senhora dizia o seguinte: astor, eu lhe agradeço por tudo quanto o senhor me fez durante o tempo em que fui membro da sua Igreja. Mas eu fui obrigada a me mudar dessa localidade e fui freqüentar outra Igreja. O senhor nunca me falou a respeito do dízimo. O outro pastor me ensinou a ser dizimista, e Deus me abriu as janelas dos céus e me tem dado tantas e tão grandes bênçãos que eu lamento ter perdido doze anos na sua Igreja recebendo maldição, quando Deus tinha uma bênção sem medida para mim, se eu fosse fiel. Um pastor que recebe uma carta assim só pode chorar.3

Testemunhos dessa natureza prendem a atenção dos ouvintes e são usados para confirmar a veracidade do ensino a respeito do dízimo. É difícil discordar de algo que produz resultados como este:

“Certo dia, quando recolhíamos os dízimos eu li este versículo. Estava presente um engenheiro que, tendo sido muito rico, perdera tudo em poucas semanas, e quando eu li este versículo ele compreendeu que isto tinha acontecido na sua vida, e, naquela hora, prometeu a Deus que ia ser fiel na entrega dos dízimos. O que Deus fez e está fazendo na vida daquele homem é simplesmente espantoso. Um ano depois este engenheiro era presbítero da minha Igreja e podia dizer: Hoje eu sou muito mais rico do que era quando Deus assoprou minha riqueza porque Ele já me devolveu em dobro o que assoprou. Este homem tem sido uma bênção na Igreja e no seu trabalho.4

Doutrina, por mais atrativa que seja, não pode ter sua autoridade respaldada pela experiência. O texto sagrado deve ser o único pilar sobre o qual se assenta o ensino. Qualquer outro alicerce deve ser considerado supérfluo e indesejável. Sabemos também que a doutrina não pode ser baseada num único texto. É necessário que haja uma concordância com outras partes do Livro Santo. Examinemos se o dízimo, tal como é ensinado acima, confirma-se à luz das Escrituras.

O Novo Testamento ensina a prática do dízimo?
Uma primeira constatação é que não há, no Novo Testamento, nenhum parâmetro mínimo estipulado para a contribuição. O apóstolo Paulo organizou uma grande coleta para os necessitados da Judéia. As duas epístolas aos Coríntios trazem referência a esta coleta: Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for. 1 Co 16.1-2
Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, Paulo desenvolve seu ensino acerca das contribuições. Estes textos se referem à alegria da contribuição, à generosidade, à liberalidade, à presteza em ofertar:
E isto afirmo, aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. (9.6) ... porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. (8.2)
Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. (8.4) ... assim, como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo
as vossas posses. (8.11) porque bem reconheço a vossa presteza, da qual me glorio... ( 9.2)


Não vemos nenhuma referência a uma contribuição mínima que é obrigatória – o dízimo – e a partir daí, ofertas voluntárias. Ao contrário, o ensino de Paulo, é que se a contribuição não for voluntária, não deve ser dada: Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor; (8.8) Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem. (8.12) Cada um contribua segundo tiver proposto no oração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. (9.7) Ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres (...) se não tiver amor, nada disso me aproveitará. (1 Co 13.3).

Ofertas voluntárias são o método de contribuição do Novo Testamento: E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. (Fp 4.15-18)

Paulo usa a figura dos sacrifícios vetero-testamentários com relação às ofertas: as ofertas dos filipenses foram, diante de Deus, “como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus”. Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as cousas boas aquele que o instrui (Gl 6.6). Paulo, aqui, faz referência à obrigação de dar sustento àqueles que se afadigam no ensino da Palavra. Ensino repetido em 2 Tessalonicenses 5.12:
Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam.
E mais detalhado em 1 Coríntios 9: Não temos nós o direito de comer e beber? (v 4) Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? (v 6 - Paulo refere-se ao trabalho secular). Se nós vos semeamos as cousas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? (v 11) Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E que serve ao altar do altar tira o seu sustento? (v 13). A referência aqui é a Dt 18.1, que permite aos levitas comer partes dos sacrifícios oferecidos no Templo.
De fato, existe o direito bíblico (do qual Paulo abriu mão, pelo menos com relação aos coríntios – 1 Co 9.15 – e aos tessalonicenses – 1 Ts 2.7,9; 2 Ts 3.8-9) de os pregadores, pastores- mestres serem sustentados pelas suas congregações: Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho. (v 14)...
Porém não há referência a dízimos.

Algumas outras citações, entre muitas:
... compartilhai as necessidades dos santos. (Rm 12.13)
... façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé. (Gl 6.10)
Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias
mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado. (Ef 4.28)
Exorta aos ricos do presente século ... que ... sejam ... generosos em dar e
prontos a repartir (1 Tm 6.17,18).

Note-se o ensino consistente e positivo do Novo Testamento a respeito da generosidade,da liberalidade, da prontidão em repartir. A contrapartida negativa temos nas muitas advertências a respeito da avareza:
O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera (Mt13.22).
Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. (Lc 12.15)
Sabei, pois, isto: nenhum ... avarento, que é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. (Ef 5.5)
Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 1 Tm 6.7-10
Seja a vossa vida sem avareza. (Hb 13.5)

Esta é a doutrina. Isso é o que devemos ensinar. O que passar disso pode ser considerado ensino bíblico?

Jesus ensinou a prática do dízimo?
Argumenta-se que Jesus ensinou que devemos dar o dízimo em Mateus 23.23:Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas!
Note-se: obedecer os preceitos mais importantes da lei, sem omitir o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, é o que Jesus afirma. De fato, esta afirmação de Jesus nos remete à discussão sobre a Lei e a Graça, o Velho e o Novo Testamento, a Antiga e a Nova Aliança.
Não ignoramos a profecia de Jeremias: Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá... (31.31). Esta profecia foi lembrada pelo autor de Hebreus que ensina a respeito de Jesus como Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas (8.6), e completa: Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer (8.13). Paulo afirma o mesmo com outras palavras: De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio (Gl 3.24-25).
Sabemos que há dois testamentos, duas alianças – uma antiga, que já passou, e uma nova, que vigora. Mas, quando começou a vigorar a nova aliança, o novo testamento?
Hebreus responde: Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador. (Hb 9.16-17)
Oh! que significado tem as palavras de Jesus na última ceia: porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. (Mt 26.28).
Vemos, assim, que os evangelhos retratam acontecimentos da antiga aliança. Poderíamos dizer que o Antigo Testamento se estende até Mateus 27.50 quando “Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito.”

Dessa forma, podemos entender muitas passagens do NT:
Em Lc 1.15 o anjo Gabriel consagra João Batista ao nazireado, conforme Nm 6.3.
Em Lucas 2.21 Jesus é circuncidado obedecendo o disposto em Levítico 12.3;
Em Lucas 2.22 Maria se purifica conforme estabelecido em Levítico 12.4;
Em Lucas 2.23 os pais de Jesus oferecem o sacrifício prescrito em Levítico 12.6-8;
Em Mateus 8.4 Jesus manda um leproso fazer o sacrifício prescrito em Levítico 14;
Em Lucas 19.8 Zaqueu se submete duplamente à pena estabelecida em Êxodo 22.9;
Em Mateus 17.24 Jesus paga o imposto estipulado em Êxodo 30.11-16
Em Mateus 26.17 Jesus e os discípulos cumprem o requerido em Êxodo 12.1-27.
Entendemos, então, que enquanto Jesus vivia, a Lei Mosaica estava em vigor.
Como entender Mt 8.4, onde Jesus ordena a apresentação de um sacrifício de animal ao que havia sido curado de lepra? É necessário que façamos isto hoje? Evidentemente que não. Da mesma forma, quando, em Mt 23.23, Jesus ordena aos fariseus que dêem o dízimo do cominho, da hortelã e do endro, devemos entender que eles estavam debaixo da mesma aliança mosaica que obrigou o leproso a cumprir o ritual de Levítico 14. Há, portanto, nos relatos dos evangelhos, um aspecto de transição entre o que é e o que há de vir. Por isso é preciso cuidado para não impor sobre o Novo Israel prescrições relativas ao Antigo Israel. Pois não estais debaixo da lei e sim da graça (Rm 6.14).

O dízimo está acima da Lei?
Existe uma passagem em Gênesis 14.20 – E de tudo lhe deu Abrão o dízimo – que é usada para defender a prática do dízimo como supra-legal, ou seja, acima da lei. Eis o argumento: Abrão deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém, antes da Lei ser estabelecida. Logo o dízimo é antes da Lei. Portanto o dízimo perdura após o fim da Lei.
Tomemos outra passagem para testar a validade da argumentação acima – Gn 17.10: Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Em Gn 17.23-27 vemos Abraão circuncidando-se a si, a Ismael, e a todos os homens de sua casa. Argumentemos: Abrão circuncidou-se antes da Lei ser estabelecida. Logo a circuncisão é antes da Lei. Portanto a circuncisão perdura após o fim da Lei.
Temos, assim, verificado que se este argumento é procedente para validar o dízimo, é da mesma forma procedente para justificar a prática da circuncisão.
Uma preciosa norma de interpretação afirma que um texto descritivo pode ilustrar uma doutrina, porém não pode ser base de doutrina. Porém é freqüente cair neste erro. Toda a doutrina pentecostal do batismo com o Espírito Santo esta assentada sobre o livro de Atos – descritivo por excelência. Usando textos descritivos grupos sectaristas ensinam, por exemplo, o lava-pés (Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros – Jo 13.14); que a Ceia deve ser celebrada com pão asmo (cf. Mt 26.17-19; Ex 12.1-27 – porém esquecem que Jesus usou também vinho e não o suco de uva que a maioria das igrejas usa atualmente); que o batismo só é válido quando feito em rio – “rios de águas correntes” é a expressão usada (Mt 3.6).
Kenneth Hagin, o fundador da “teologia” da prosperidade erige um verdadeiro arranha-céu doutrinário sobre uma única afirmação de Jesus: Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco (Mc 11.24).
Portanto, se é correto que não se pode basear doutrina sobre texto descritivo, tanto Mt 23.23 quanto Gn 14.20 ficam invalidados para se justificar a prática atual do dízimo.

Dízimo e a Lei Mosaica
Trazei todos os dízimos... (Ml 3.10).
Nenhum profeta do Antigo Testamento criou doutrina nova. A síntese do que diziam pode ser resumida na seguinte sentença: Voltem para a Lei. Em outras palavras: lembrem-se do que Moisés vos prescreveu. De modo que, se queremos saber mais a respeito do dízimo devemos nos voltar para suas prescrições no Pentateuco. E é aí que
encontraremos algumas surpresas:
- Em Lv 27.30-33 aprendemos que os dízimos são Santos ao SENHOR.
- Em Nm 18.21ss aprendemos que os dízimos são herança dos Levitas.
- Porém em Dt 12.5ss e 14.22ss aprendemos a respeito da dinâmica da entrega dos dízimos: eles eram comidos e bebidos pelo próprio ofertante e sua família no Templo, diante do SENHOR, numa celebração alegre e festiva: A esse lugar [o Templo] fareis chegar os vossos ... dízimos... Lá comereis perante o SENHOR, vosso Deus, e vos
alegrareis... (12.6,7)
Se o caminho até o Templo fosse longo, o israelita poderia vender o seu dízimo e, chegando a Jerusalém, comprar tudo o que deseja a tua alma: vacas, ovelhas, vinho ou bebida forte, ou qualquer cousa que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa. (14.26).
Repetidamente há a recomendação de não desamparar o levita (12.12, 18, 19; 14.27). E, finalmente, no capítulo 14 uma ordem especial:
Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem. (v 28-29)
Portanto vemos claramente que somente de 3 em 3 anos o dízimo era entregue integralmente aos levitas. Nos anos restantes ele era consumido alegremente “perante o SENHOR” pelo próprio ofertante, por sua família e por muitos convidados, num grande banquete. Em Ne 13.10-12, vemos a restauração da prática do dízimo no Judá pós-exílio. Ali está a referência aos “depósitos” onde eram armazenados os dízimos.
A que prática olvidada pelo povo Malaquias estava se referindo? A tudo o que acabamos de descrever do livro de Deuteronômio. Portanto, se quisermos usar o profeta
para restaurar a prática do dízimo, não podemos omitir os textos Mosaicos a que ele está se referindo, pois uma boa norma de hermenêutica diz que um texto não pode significar para nós o que não significou para os seus destinatários originais.

O Dízimo e os Profetas
A esta altura uma pergunta se faz necessária: é correto que um texto do Antigo Testamento de modo geral ou um texto de alguns dos profetas seja usado como base para se ensinar a prática ou a abstenção de algum preceito? Alguns respondem que sim, desde que se trate da lei moral, a qual continuamos obrigados a cumprir e não da lei cerimonial essa sim, revogada. Mas, como fazer tal distinção? Exemplifiquemos com o conhecido texto do profeta Isaías (capítulo 58) sobre o jejum aceitável a Deus: Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? ... Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? É moral ou cerimonial o que escreve o profeta? E o final do discurso quando Isaías afirma: Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse.
Guardar o sábado é moral ou cerimonial? Freqüentemente aquilo que parece cerimonial está inextrincavelmente ligado ao que, sem dúvida, é moral. Não comereis cousa alguma com sangue, não agourareis, nem adivinhareis. Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba (Lv 19.26). Não contaminarás a
tua filha, fazendo-a prostituir-se... guardareis os meus sábados... não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos. Lemos, também, que Deus quis matar Moisés porque este não havia circuncidado seus filhos (Ex 4.24-26) e que a pena de morte era prescrita para quem não guardasse o sábado (Ex 31.14-15). Para o judeu comer comida kosher (pura), guardar o sábado, circuncidar a si e seus filhos e usar barba era tão moral quanto não consultar necromantes ou adivinhos e não prostituir sua filha. Portanto, como justificar que usar Malaquias 3.10 para se requerer a prática do dízimo é legítimo e não é legítimo usar Isaías 58.13 para se exigir a guarda do sábado? Por que critério
Malaquias 3.10 é atual e não Malaquias 4.4? “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo,
a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos.” E, se Malaquias 3.10 continua vigorando, onde o Livro Santo nos autorizou a alterar a prática do dízimo conforme prescrita pela lei de Moisés?


Calvino e a mordomia
5
Calvino, nos Comentários aos Cinco Livros de Moisés, nos trechos referentes às
primícias, aos dízimos e às oferendas escreve que estas prescrições têm um significado espiritual. Assim, comentando a exigência do imposto do templo (Ex 30.16) ele escreve:
Deus os taxou todos a uma e a mesma soma, a fim de que, desde o maior até o menor,
cada qual, qualquer que fosse o seu estado ou qualidade, reconhecesse que Lhe
pertencia inteira e totalmente. E não é de maravilhar, visto que era esse (como se diz) um direito pessoal e as faculdades não se creditam a que o rico, de fato, contribuísse mais do que o pobre, mas antes, que o tributo era pago igualmente pessoa por pessoa.

Comentando o texto de Mt 17.24 ele acrescenta: Sabemos que a Lei lhes impunha pagar
cada um anualmente meio estáter e que Deus, que os havia resgatado, era para eles o
Rei Soberano. Ou seja, para Calvino, este imposto simboliza a redenção que Jesus
efetua em favor de cada pessoa do seu povo. Da mesma forma, comentando sobre as
primícias, “Calvino afirma que São Paulo mostra que se a oferta das primícias, como rito, foi abolida, guarda-nos, todavia, o significado espiritual.”6 Sem a cerimônia, permanece ainda a verdadeira observância, quando nos exorta ele a glorificar o nome de Deus, até mesmo no beber e no comer (1 Co 10.31)7
Comentando o voto de Jacó em Gn 28.22 (E, de tudo quanto me concederes, certamente
eu te darei o dízimo), Calvino escreve: Os atos externos não caracterizam os
verdadeiros servidores de Deus, são apenas subsídios de piedade.8
Comentando 2 Co 8.8, o reformador escreve: Verdade é que, por toda parte, ordena
Deus que acorramos a ajudar os irmãos em suas necessidades; mas, verdade é também
que nenhuma passagem há em que nos defina a soma, quanto lhes devemos dar, a fim
de que, feita estimativa de nossos bens, repartamo-los entre nós e os pobres; nem, de
maneira semelhante, onde nos obriga a certas circunstâncias, nem de tempo, nem de
pessoa, nem de lugar, mas à regrada caridade nos conduz.9
No entanto, Calvino não deixa de enfatizar aquilo que já vimos: o ensino a respeito da generosidade e a precaução contra a avareza: A vontade liberal é agradável a Deus tanto do pobre quanto do rico... verdade é que é bem certo que devemos a Deus não apenas uma parte, mas, afinal, tudo o que somos e tudo o que temos. Entretanto, segundo Sua benevolência, até esse ponto nos poupa, que Se contenta desta comunicação que o Apóstolo aqui ordena. O que, pois, ensina ele aqui é um relaxamento, por assim dizer, daquilo a que somos obrigados no rigor do direito. Contudo nosso dever é estimular-nos a nós mesmos a darmos com freqüência. Não há temer que sejamos exageradamente descomedidos neste aspecto, pelo contrário, há é o perigo de sermos demasiado sovinas.
Ainda comentando 2 Co 8.8, Calvino acrescenta: Ora, esta doutrina é necessária contra
um bando de visionários que pensam que nada havemos feito, se não nos despojamos
inteiramente para termos tudo em comum. Na verdade, tanto fazem por sua fantasia,
que ninguém pode dar ajuda em boa consciência. Eis porque é preciso observar-se
diligentemente a moderação de São Paulo, a saber, que nossa ajuda seja agradável a
Deus, quando de nossa abundância acorremos à necessidade dos irmãos, não de tal
maneira que tenham a ponto de regurgitarem, enquanto nós ficamos na condição de
necessitados, mas antes, que do nosso distribuamos segundo o permite nossa própria
capacidade, e com alegria de coração e ânimo disposto.11

Conclusão
Todos os presbiterianos, por ocasião de sua profissão de fé, ouvem as seguintes
palavras: Crê que as Escrituras Sagradas do Velho e do Novo Testamento são a
Palavra de Deus e a única regra de fé e prática dada por Ele à sua Igreja, e que são
falsas e perigosas todas as doutrinas e cerimônias contrárias a essa palavra, e todos os usos e costumes acrescentados à simples lei do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo? Ao que respondemos: Creio O que devemos fazer? A confissão que fizemos nos lembra que tudo o que é extrabíblicob é, na verdade, anti-bíblico, que qualquer imposição que se revele sem raízes nas Escrituras deve ser considerada falsa e perigosa, mesmo que tenha sido instituída com propósitos elevados.
O dízimo tradicionalmente praticado pelos evangélicos é bíblico? Se não for não pode
ser legitimamente exigido de nenhum membro. Já se afirmou que se o dízimo for extinto a igreja perderá o seu sustento. Ora, este não é um argumento bíblico. Respondemos que a doutrina bíblica nunca prejudicará a vida da igreja e que a verdade jamais será perniciosa; pelo contrário, se tivermos a determinação de ensinar que os membros são livres para dar ou não dar, que não há patamar mínimo exigido, que Deus ama a quem dá com alegria, que devemos ser generosos, guardar-nos da avareza, ser prontos em repartir, acumular tesouros no céu... Deus responderá derramando sobre a Sua igreja bênçãos sem medida.


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