segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bispo Robinson Cavalcanti e esposa são brutalmente assassinados


Com profunda tristeza e pesar nós anunciamos que faleceu nesta madrugada nosso querido bispo e pai em Deus, D. Robinson Cavalcanti. Ele foi assassinado nesta noite junto com sua esposa em sua casa.
Ainda não temos muitos detalhes quanto às circunstâncias e sobre o sepultamento.
Segue o curriculum de D. Robinson, que apesar de extenso não reflete nem de longe a importância que ele tem para nós:
Dom Edward ROBINSON de Barros CAVALCANTI, nasceu no Recife-PE, em 21 de junho de 1944, filho de Edward Lopes Cavalcanti e Gerusa de Barros Cavalcanti. Aos três anos de idade se mudou para a cidade de União dos Palmares, em Alagoas, onde estudou até o Curso Ginasial (8ª série), onde seu pai era empresário e político, e onde participou, como criança e adolescente da Paróquia de Santa Maria Madalena (da Igreja Católica Romana), e da política estudantil, através do Grêmio do Colégio e da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA). Nessa época passou, ocasionalmente, a freqüentar sessões kardecistas (religião da família do seu genitor) e a ser evangelizado por amigos Batistas e Adventistas do 7º Dia. No início de 1962 desvincula-se da Igreja Romana e do Espiritismo Kardecista, concluiu o Curso Clássico e o Curso de Língua e Cultura Hispânica. Em 31 de outubro de 1963 (Dia da Reforma) foi confirmado na Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).
De 1963 a 1966 cursou Licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Católica de Pernambuco (dos Jesuítas), e Língua Inglesa, na Sociedade Cultural Brasil-EEUU. De 1963 a 1967 cursou, simultaneamente, o Bacharelado em Direito na Universidade Federal de Pernambuco, participou da política estudantil, integrando o Diretório Acadêmico“Demócrito de Souza Filho”, da Faculdade de Direito, e do Teatro Universitário. Ingressou na ABU (Aliança Bíblica Universitária).
Fez estágio no Departamento de Ciências Sociais da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.Iniciou sua vida como Advogado, Assessor da ABU (10 anos) e professor nos Colégios Agnes Erskine (Presbiteriano), Americano Batista e Sagrado Coração Eucarístico de Jesus. Optou pela carreira universitária, como professor de Ciência Política, na Faculdade de Filosofia do Recife (FAFIRE, das Irmãs de Santa Dorotéia), Seminário Presbiteriano do Norte, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Em 1974-1975 cursou o Mestrado em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), da Universidade Cândido Mendes, defendendo (como denominada então), a tese: ”Alagoas – a Guarda Nacional e as Origens do Coronelismo”. Foi Evangelista e Candidato ao Ministério na IELB.Participou da fundação (1970) da Fraternidade Teológica Latino-americana (FTL), onde integrou, por sete anos, a sua Comissão Executiva. Integrou, também, a Comissão de Convocação do Congresso de Lausanne (1974), e a Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial (LCWE), por quatro anos, bem como a Comissão Teológica da Aliança Evangélica Mundial (LCWE), na Unidade “Ética e Sociedade”.
Filiou-se aos Gideões Internacionais e ao Rotary Club. Passou a colaborar como articulista na imprensa escrita. Por 10 anos escreveu a coluna dominical “Evangelismo” no Jornal do Commércio, e, por dois anos a coluna “Panorama Evangélico”, do Diário da Noite. Escreveu, por cinco anos, para a revista Kerygma (São Paulo), e foi o mais antigo colaborador da revista Ultimato (Viçosa-MG.)
Ao todo são mais de 1.000 artigos sobre Teologia e Ciência Política, publicados no Brasil e no Exterior. Atuou, também, na rádio e na televisão, em programas religiosos e políticos, passando a dar conferências no país e no exterior, principalmente na área de Ética Social. Como convidado do Governo, pregou no Culto Semanal dos Deputados, na Capela do Parlamento da Suécia.
Foi candidato a Deputado Estadual, em 1982, pela oposição ao Regime Militar (e membro do Diretório Municipal do PMDB do Recife), e participou das campanhas pela Anistia e pelas ‘Diretas Já’.
Nas Universidades – onde lecionou por 35 anos – integrou quase todos os Colegiados Superiores.
Foi Coordenador de Graduação, de Pós-Graduação (Especialização), de Mestrado, Chefe de Departamento, e, finalmente, Diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE. Foi professor conferencista-visitante na Universidade do Alabama, em Birmingham, lecionando a disciplina “Sistemas Políticos Comparados”. Foi Assessor do Conselho Regional de Pernambuco do Colégio Notarial do Brasil, da Prefeitura da Cidade do Recife (e membro do Conselho Municipal de Educação) e, do então Deputado Federal, Humberto Costa. Coordenou, entre as igrejas evangélicas, a nível nacional, as campanhas presidenciais de Lula, de 1989 e 1994.
Militou no Partido dos Trabalhadores, onde foi membro do Diretório Municipal e candidato a vice-prefeito de Olinda (1996). Filiado a duas Seções Sindicais da ANDES – Sindicato Nacional (dos Professores Universitários) foi candidato a uma das vice-presidências da entidade, na chapa encabeçada pela professora e ex-prefeita de Fortaleza,Maria Luiza Fontenelle.Foi presidente da ASAS, ONG de apoio aos portadores de HIV/AIDS. Participou da campanha do “Parlamentarismo” e da campanha pelo “Fora Collor”.
Por cinco anos, integrou o NIES – Núcleo Interdisciplinar de Estudo sobre a Sexualidade da UFPE, participando de debates sobre o tema em várias instituições, inclusive defendendo, como convidado, a posição ortodoxa da Igreja, na Semana Cultural do “V Congresso Brasileiro de Homossexuais”. Compatibilizando a defesa da Ética Bíblica com a defesa da Cidadania, integrou o grupo de pastores evangélicos que subscreveu o manifesto de apoio a Emenda Marta Suplicy (direitos patrimoniais e previdenciários).
Definindo-se como um democrata, nacionalista, federalista, regionalista, municipalista, parlamentarista, defensor de uma Sociedade Solidária e de uma Economia pós-Capitalista, inspirada nos valores judaico-cristãos, participou de um sem número de movimentos em defesa da Justiça Social, sempre encarando tal participação como expressão de um ministério profético.
Depois de anos de estudo e aproximação, filiou-se a então Igreja Episcopal do Brasil (IEB), Paróquia da Santíssima Trindade, pelas mãos do Bispo Dom Edmund Knox Sherril, em 21 de junho de 1976, sendo, sucessivamente, Leitor (Ministro Leigo), membro de Junta Paroquial, Postulante e Candidato às Sagradas Ordens, Diácono e Presbítero, trabalhando na Santíssima Trindade, Bom Samaritano, Emanuel e Redenção. Foi Delegado Sinodal e membro da JUNET mais de uma vez, tendo ministrado em encontros anglicanos em vários países. É membro, há mais de 10 anos, da diretoria internacional da EFAC – Fraternidade dos Evangélicos na Comunhão Anglicana, e membro da Ekklesia.
Em 1997 foi eleito, sagrado e instituído Bispo da Diocese Anglicana do Recife, comparecendo à Conferência de Lambeth, de 1998, participando, ativamente, da rede de correntes ortodoxas anglicanas, no tocante às Sagradas Escrituras, os Credos e a Ética Histórica da Igreja.Fez sua formação teológica por extensão no Seminário Concórdia (da IELB), no NAET – Recife, e nos Cursos de Capacitação de Obreiros da ABU (IFES – Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos), no Brasil, Equador, EEUU, Áustria e Inglaterra, tendo estudado com vários teólogos anglicanos, como o Rev. John Stott.
Participou dos seminários internacionais que redigiram os documentos “Ä Responsabilidade Social da Igreja“, (Grand Rapids, EUA), “O Evangelho e a Cultura” (Willowbank, Bermudas), “Estilo de Vida Simples como Opção Cristã”(Hoddesdon, Inglaterra), “Ä Declaração de Jarabacoa sobre os Cristãos e a Ação Política” (Jarabacoa, República Dominicana), bem como do Congresso Internacional de Evangelismo (Pattaya, Tailândia), Congresso de Evangelistas Itinerantes (Amsterdã, Holanda), Lausanne II (Manila, Filipinas) e do Seminário para Escritores Evangélicos do Terceiro Mundo (John Haggai Day Center, Cingapura), dentre outros.
Membro da Academia Pernambucana de Educação e Cultura, Academia Pernambucana de Ciências Jurídicas e Morais e Cidadão Honorário da Cidade de Olinda-PE.Como Bispo Diocesano, ordenou 99 Diáconos e 85 Presbíteros. Nesses sete anos foram abertas 34 das presentes 44 comunidades da Diocese Anglicana do Recife, criados projetos sociais, arcediagados, secretarias e comissões, e reformulados os Cânones, estimuladas as vocações, criado o Diaconato Permanente e o Ministério Local, bem como a instituição de Ministros Leigos e Evangelistas.
Na IEAB foi presidente da Junta Nacional de Educação Teológica – JUNET.Distante do Fundamentalismo e do Liberalismo, considerava-se um Cristão, Protestante, Evangélico, Anglicano, defensor da Teologia da Missão Integral da Igreja.Foi Presidente da OMEB – Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil – Secção de Pernambuco, e um dos idealizadores e membro da primeira diretoria nacional do MEP – Movimento Evangélico Progressista.A Diocese Anglicana do Recife, por suas posições oficiais, integra a maioria ortodoxa da Comunhão Anglicana.
Praticou esportes na juventude, gostava de teatro, cinema e música (do clássico ao folclórico), de praia (particularmente Paripueira–AL), Era aposentado (Professor Adjunto, IV) da UFPE e UFRPE.
Nós da Paróquia Anglicana da Santíssima Trindade amávamos o nosso bispo e estamos sofrendo muito. Rogamos à Deus que console o nosso coração bem como a toda a nossa Diocese que igualmente está de luto.
O Senhor nos Deus D. Robindon, o Senhor nos tomou D. Robinson. Louvado para sempre seja o Nome do Senhor.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Fanáticos ou Defensores da Verdade?

Por John Kennedy

Em tempos como o nosso é fácil alguém parecer fanático, se mantém uma firme convicção sobre a verdade e quando se mostra cuidadoso em ter certeza de que sua esperança procede do céu. Nenhum crente pode ser fiel e verdadeiro nesses dias, sem que o mundo lhe atribua a alcunha de fanático. Mas o crente deve suportar esse título. É uma marca de honra, embora a sua intenção seja envergonhar. É um nome que comprova estar o crente vinculado ao grupo de pessoas das quais o mundo não era digno, mas que, enfrentando a ignomínia por parte do mundo, fizeram mais em benefício deste do que todos aqueles que viviam ao seu redor. O mundo sempre sofre por causa dos homens que honra. Os homens que trazem misericórdia ao mundo são os que ele odeia.

Sim! Os antigos reformadores eram homens fanáticos em sua época. E foi bom para o mundo eles terem sido assim. Estavam dispostos a morrer, mas não comprometeriam a verdade. Submeter-se-iam a tudo por motivo de consciência, mas em nada se sujeitariam aos déspotas. Sofreriam e morreriam, mas temiam o pecado. Esse fanatismo trouxe liberdade para a sua própria terra natal, como bem demonstra o exemplo dos reformadores escoceses. O legado deixado por esses homens . cujo lar eram as cavernas na montanha e cuja única mortalha era a neve, que com freqüência envolvia seus corpos quando morriam por Cristo . é uma dádiva mais preciosa do que todas as oferecidas por reis que ocuparam o trono de seus países ou por todos os nobres e burgueses que possuíam suas terras. Sim, eles eram realmente fanáticos, na opinião dos zombadores cépticos e perseguidores cruéis; e toda a lenha com a qual estes poderiam atear fogueiras não seria capaz de queimar o fanatismo desses homens de fé.
Foram esses implacáveis fanáticos, de acordo com a estimativa do mundo, que encabeçaram a cruzada contra o anticristo, quando na época da Reforma desceu fogo do céu e acendeu em seus corações o amor pela verdade. Esses homens, através de sua inabalável determinação, motivados por fé viva, venceram em épocas de severas provações, durante as quais eles ergueram sua bandeira em nome de Cristo. Um lamurioso Melanchthon teria barganhado o evangelho em troca de paz. A resoluta coragem de um Lutero foi necessária para evitar esse sacrifício. Em todas as épocas, desde o início da igreja, quando a causa da verdade emergiu triunfante sobre o alarido e a poeira da controvérsia, a vitória foi conquistada por um grupo de fanáticos que se comprometeram solenemente na defesa dessa causa.
Existe hoje a carência de homens que o mundo chame de .fanáticos.. Homens que possuem pulso fraco e amor menos intenso pouco farão em benefício da causa da verdade e dos melhores interesses da humanidade. Eles negociarão até sua esperança quanto à vida por vir em troca da honra proveniente dos homens e da tranqüilidade resultante do comprometimento do evangelho. Há muitos homens assim em nossos dias, mesmo nas igrejas evangélicas e na linha de frente do evangelicalismo; homens que se gloriam de uma caridade indiscriminada em suas considerações, de um sentimento que rejeita o padrão que a verdade impõe; homens que aprenderam do mundo a zombar de toda a seriedade, a queixarem- se da escrupulosidade de consciência e a escarnecer de um cristianismo que se mantém através da comunhão com os céus! Esses têm os seus seguidores. Um amplo movimento emergiu afastado do cristianismo vital, de crenças fixas e de um viver santo. As igrejas estão sendo arrastadas nessa corrente. Aproxima- se rapidamente o tempo em que as únicas alternativas serão ou a fé viva ou o cepticismo declarado.

Uma violenta maré se abate sobre nós nessa crise, e poucos mostram-se zelosos em resistir. Não podemos prever qual será o resultado nas igrejas, nas comunidades e nos indivíduos, tampouco somos capazes de tentar conjeturá-lo sem manifestar sentimentos de tristeza. Contudo, uma vitória segura é o destino da causa da verdade. E, até que chegue a hora de seu triunfo, aqueles que atrelaram seus interesses à carruagem do evangelho perceber ão que fazem parte de um grupo que está diminuindo, enquanto avançam até àquele dia; seu sentimento de solidão se aprofundará, enquanto seus velhos amigos declinarão à negligência, a indiferença se converterá em zombaria, e as lamúrias se transformar ão em amarga inimizade. Eles levarão adiante a causa da verdade somente em meio aos escárnios dos incrédulos e às flechas dos perseguidores.
Mas nenhum daqueles que amam a verdade . aqueles cujos olhos sempre descansaram na esperança do evangelho . deve acovardado fugir das provações. Perecer lutando pela causa da verdade significa ser exaltado no reino da glória. Ser massacrado até à morte, pelos movimentos de perseguição, significa abrir a porta da prisão, para que o espírito redimido passe da escravidão ao trono. Em sua mais triste hora, aquele que sofre por causa da verdade não deve recusar a alegria que os lampejos da mensagem profética trazem ao seu coração, quando brilham através das nuvens de provação. O seu Rei triunfará em sua causa na terra e seus amigos compartilharão da glória dEle. Todas as nações sujeitar-se-ão ao seu domínio. As velhas fortalezas de incredulidade serão aniquiladas até ao pó. A iniqüidade esconderá sua face envergonhada. A verdade, revelada dos céus, receberá aceitação universal e será gloriosa no resplendor de seu bendito triunfo aos olhos de todos.

Fonte: Editora Fiel

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Razões para não se casar com um não crente


por Kathy Keller*



Ao longo de nosso ministério, a questão pastoral mais comum que eu e Tim confrontamos provavelmente é a do casamento – atual ou futuro – entre cristãos e não cristãos. Muitas vezes penso que seria muito simples se eu pudesse simplesmente me retirar da conversa e convidar aqueles que já casaram com não crentes para falarem aos solteiros que estão buscando desesperadamente alguma brecha que os permita casar com alguém que não compartilham de sua fé.
Assim, eu poderia pular toda a parte de citar as passagens da Bíblia que chamam os solteiros a casar “contanto que ele pertença ao Senhor” (1 Coríntios 7.39), a não se submeterem ao “jugo desigual com descrentes” (2 Coríntios 6.14) e as prescrições do Antigo Testamento contra o casamento com o estrangeiro seguidor de outros deuses além do Deus de Israel (veja que em Números 12, Moisés se casa com uma mulher de outra raça, mas da mesma fé). Você encontra passagens assim em abundância, mas quando alguém já permitiu ao seu coração um laço com uma pessoa de outra fé, tenho visto que a Bíblia já foi diminuída de seu papel de regra não negociável de fé e prática.
Ao invés disso, as variações da pergunta da serpente para Eva – “Foi isto mesmo que Deus disse?” – surgem aos montes, como se, por acaso, esse caso específico pudesse ser algum tipo de exceção, levando em conta o quando eles se amam, o quando o não crente apóia e entende a fé cristã e como eles são almas gêmeas apesar da falta de uma fé que una as duas almas.
Já ficando velha e impaciente, às vezes tenho vontade de simplesmente falar “não vai dar certo, a longo prazo. O casamento já é difícil o bastante quando é entre dois crentes em perfeita harmonia espiritual. Se poupe da dor de cabeça e parta pra outra”. Entretanto, tal grosseria não está de acordo com o espírito pacificador de Cristo e nem é convincente.
Mais triste e mais sábia
Se eu pudesse apenas reunir aquelas mulheres mais tristes e mais sábias (e homens também) que se encontraram em casamentos desiguais (seja por sua própria tolice ou por um cônjuge que encontrou Cristo após o casamento) com os casais otimistas e radiantes que estão convencidos de que a sua paixão e o seu compromisso irão superar todos os obstáculos. Até o obstáculo da desobediência descarada. Apenas dez minutos de conversa – um minuto, se a pessoa for muito sucinta – seria necessário. Nas palavras de uma mulher que estava casada com um homem muito bom e gentil que não compartilhava de sua fé: “se você pensa que está sozinha antes de se casar, não é nada comparado à quão sozinha você ficará APÓS o casamento!”.
Na verdade, talvez essa seja a única abordagem pastoral eficaz: achar um homem ou uma mulher que esteja disposta a conversar honestamente sobre as dificuldades de sua situação e convidá-lo(a) para uma sessão de aconselhamento com o casal prestes a cometer um grande erro. Um alternativa, talvez, seria algum diretor criativo que estivesse disposto a percorre o país filmando indivíduos que estão vivendo as dores de um casamento com um não crente, e criar um documentário de uns 40 ou 50 depoimentos curtos (menos de 5 minutos). Talvez o peso coletivo dessas curtas histórias seja mais poderoso do que qualquer lição requentada possa ser.
Três saídas
Por enquanto, entretanto, não temos essa opção. Há apenas três caminhos que um casamento desigual pode seguir (e por desigual, estou disposta a flexibilizar ao ponto de incluir cristãos genuínos que desejam casar com um cristão nominal, ou talvez algum cristão completamente imaturo e desprovido de crescimento e experiência):
Para estar em maior sintonia com seu cônjuge, o cristão terá que empurrar Cristo para as margens de sua vida. Isso talvez não envolva repudiar diretamente a fé, mas em assuntos como vida devocional, hospitalidade com os crentes (reuniões de grupos pequenos, receber pessoas necessitadas em caráter emergencial), apoio a missões, dízimo, educação dos filhos, comunhão com outros crentes – tais coisas deverão ser minimizadas ou evitadas para preservar a paz do lar.
Por outro lado, se o crente do casamento mantém uma vida cristã firme e sólida, o cônjuge não cristão será marginalizado. Se ele/ela não entende o propósito de estudos bíblicos e oração, viagens missionárias ou hospitalidade, então ele/ela não poderá ou não irá participar dessas atividades junto com o cônjuge crente. A unidade e a união profundas do casamento não florescerão quando um cônjuge não pode participar completamente dos compromissos mais importantes da outra pessoa.
Então ou o casamento sofre até o ponto de acabar, ou o casal sofre junto, vivendo em algum tipo de trégua que envolve um ou outro abrindo mão de algumas coisas, de forma que ambos viverão sentindo-se sozinhos e infelizes.
Isso soa como o tipo de casamento que você quer? Um casamento que sufoca seu crescimento em Cristo ou sufoca o crescimento como casal, ou as duas coisas? Pense na passagem já citada de 2 Coríntios 6.14 sobre o jugo desigual. Muitos de nós já não vivem em culturas agrícolas, mas tente imaginar o que aconteceria se um fazendeiro ata-se à carroça, digamos, um boi e um jumento. O jugo pesado de madeira, projetado para se aproveitar das forças do conjunto, ficaria torto devido às diferenças de peso, altura e velocidade dos dois animais. O jugo, ao invés de aproveitar as forças do conjunto para completar a tarefa iria incomodar e machucar OS DOIS animais, já que o peso do fardo não estaria igualmente distribuído. Um casamento desigual não é tolice apenas para o Cristão, mas é injusto também com o não cristão, e acabará sendo um tormento para os dois.
Nossa experiência
Para fechar: um de nossos filhos começou a passar algum tempo, alguns anos atrás, com uma moça não crente, vinda de uma família de judeus. Ele nos ouviu falar sobre o sofrimento (e a desobediência) de um casamento com um não cristão por anos, então ele sabia que essa não seria uma opção (algo que reforçamos várias vezes de forma enfática). De qualquer forma, a amizade deles cresceu e se transformou em algo mais. Para dar algum crédito, nosso filho disse a ela: “eu não posso me casar com você a não ser que você se torne cristã, e você não pode se tornar cristã só para se casar comigo. Eu vou com você à igreja, mas se você deseja seriamente descobrir o cristianismo, você terá que fazer por conta própria – encontrar um pequeno grupo, ler livros e conversar com outras pessoas além de mim”.
Felizmente, ela é uma moça de muita integridade e coragem, e começou uma busca pelo entendimento das afirmações de exclusividade da Bíblia. Conforme ela crescia em direção à fé, para nossa surpresa, nosso filho também começou a crescer em sua fé, para manter o mesmo ritmo dela! Ela me disse certa vez “como você bem sabe, seu filho nunca deveria estar saindo com uma mulher como eu!”.
Ela eventualmente veio á fé, e ele segurou a água com a qual ela foi batizada. Na semana seguinte, ele a pediu em casamento, e eles já estão casados há dois anos e meio, ambos crescendo, ambos lutando, ambos se arrependendo. Nós amamos os dois e somos muito gratos por ela pertencer à nossa família e ao corpo de Cristo.
Eu só menciono essa história pessoal porque muitos de nossos amigos no ministério já viram resultados muito diversos – filhos que se casam com alguém de outra fé. A lição da história para mim é que, mesmo em lares pastorais – onde as coisas de Deus são ensinadas e discutidas e onde os filhos têm uma grande oportunidade de acompanhar os conselhos que seus pais dão a casais – filhos crentes brincam com relacionamentos que se desenvolvem mais do que esperam, terminando em casamento que não tem finais felizes. Se isso é verdade nas famílias dos líderes cristãos, o que dirá nas famílias do rebanho?
Precisamos ouvir as vozes de homens e mulheres que estão em casamentos desiguais e aprender, com seus sofrimentos, porque não essa não é uma escolha não só desobediente como muito tola.

*Kathy Keller, esposa do pastor Tim Keller

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

“A Mulher Virtuosa” por Dr. David Murray




É difícil escrever um estudo bíblico sobre “a mulher virtuosa”. A primeira dificuldade é que eu sou homem. E qual é a melhor pessoa para descrever uma mulher virtuosa? Bem, é encorajador o fato de que o escritor de Provérbios 31 era homem. Então, há aqui um precedente bíblico.

A segunda dificuldade é que há muitos exemplos de mulheres ímpias bombardeando-nos diariamente de várias formas, e muitas destas influências nocivas têm se infiltrado na igreja. Contudo, nós devemos crer que a Palavra de Deus é apta não apenas para frear essa torrente de mundanismo, mas até mesmo para extingui-la.

A terceira dificuldade é o volume de material bíblico para estudo. Há muitos versículos relevantes e muitas formas de se abordar este assunto. Nós podemos, por exemplo, percorrer muitos dos exemplos bíblicos positivos e destacar uma virtude que sobressai quando seu nome é mencionado. O que lhe vem à cabeça quando você ouve o nome de Débora? Coragem. Rute? Lealdade. Ana? Abnegação. Maria? Fé. Maria Madalena? Amor. Dorcas? Boas obras, etc. Siga as mulheres piedosas da Bíblia e anote uma qualidade, a que vier imediatamente à sua mente. Então ponha todas essas qualidades juntas e você terá o quadro completo da mulher virtuosa.

Se preferir, você pode listar as mulheres ímpias que aparecem na Bíblia e identificar seus maiores defeitos. O que lhe vem à cabeça quando você pensa em Dalila? Manipulação. Jezabel? Idolatria. Safira? Mentira. Mical? Escárnio. A mulher de Jó? Rebelião. A mulher de Ló? Mundanismo, etc. Ponha todos esses vícios juntos e você terá uma figura completa da mulher ímpia. Ora, eu tenho certeza de que você não procura nada parecido, senão o contrário.

Outra abordagem pode ser observar o ensino de Paulo (Ef. 5:22-33; Tito 2:3-5), ou o ensino de Pedro (1Pe 3:1-7). Mas, neste artigo nós vamos olhar somente para a mulher virtuosa tão belamente descrita em Provérbios 31:10-31. Ajudará se você abrir sua Bíblia nessa passagem para vermos, primeiramente, as características da mulher virtuosa, e então os seus desafios.

AS CARACTERÍSTICAS DA MULHER VIRTUOSA

Antes de qualquer coisa, a mulher virtuosa centra-se em Deus. Ela não liga para o que as pessoas pensam de suas roupas ou de seu visual. Por que? Porque é ao Senhor que ela teme. “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (v.30). Esse é o ponto culminante da descrição da mulher virtuosa e aponta a origem primária de todas as suas virtudes. No centro da vida desta mulher está seu relacionamento com Deus, e ela teme tudo que possa vir a ameaçar essa relação. Ela é conhecida como uma mulher que desfruta do favor de Deus e teme, mais do que qualquer outra coisa no mundo, vê-lo aborrecido.
Em segundo lugar, a mulher virtuosa preocupa-se com a Palavra. Como Provérbios nos lembra repetidas vezes: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Não é de surpreender, então, que quando essa mulher temente a Deus fala, “abre sua boca com sabedoria e a instrução da bondade está na sua língua” (v.26). Sua conversa reflete seu interesse principal: a sabedoria revelada de Deus e Sua benevolente lei. A mulher que centra-se em Deus, centra-se na Palavra de Deus. Ela não fica tentando passar a vista em alguns versículos aqui e ali enquanto grita com as crianças e atende ao telefone. Ela levanta alguns minutos mais cedo do que o necessário, com o objetivo de começar o dia com um período calmo e pacífico de leitura da Palavra de Deus. Como isto transforma o dia! Ela agora tem sabedoria e palavras amáveis de Deus para dizer aos outros.
Em terceiro lugar, a mulher virtuosa, se casada, centra-se em seu marido. Ela encontra grande satisfação em ser uma ajudadora para o seu marido (Gn. 2:18). Ela não vê isto como um mandamento humilhante, porque sabe que Deus usa a mesma palavra hebraica (ëzer) para descrever a Si mesmo como o ajudador do Seu povo (Sl. 54:4). Ser uma ajudadora é ser como Deus — que nobre chamado! O papel de ajudadora da mulher virtuosa pode ser resumido em duas palavras: conselho e progresso. Estando preocupada com Deus e Sua Palavra, “o coração do seu marido confia nela” (v.11). Ele a consulta e busca seus piedosos conselhos antes de tomar decisões que dizem respeito a ambos. E, ela não compete com seu marido nem o critica na frente de outros, mas busca seu progresso. “Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida” (v.12). Como resultado, “seu marido é estimado entre os juízes, quando se assenta com os anciãos da terra” (v.23).
Em quarto lugar, a mulher virtuosa, se for mãe, centra-se em seus filhos. “Levantam-se seus filhos e lhe chamam ditosa” (v.28). Por que? Porque sua mãe devotou-se a eles todos os dias de suas vidas. Por quatro vezes lemos da preocupação desta mulher com sua “casa” (v.15, 21,27). Se pudéssemos enxergar dentro de sua mente, veríamos esta frase rondando circularmente: “Minha casa, minha casa, minha casa, etc”. Ela não encara os filhos como um acessório necessário, nem como um problema que pode ser repassado. O coração dela está tomado pelos filhos. Ela os ama e cuida de seus corpos, de suas mentes, e de suas almas.
Isso nos conduz à quinta característica da mulher virtuosa. Ela centra-se em sua casa. Ela administra e conduz este complexo e diversificado empreendimento com habilidade, precisão, e eficiência idêntica a dos que compõem as mesas de decisão de muitas grandes corporações. Há um departamento de vestuário (v.13, 19, 21, 24), departamento alimentício (v.14, 16), departamento de decoração (v.22), e departamento financeiro (v.16, 18). Dependendo das circunstâncias, pode haver também um departamento educacional. Tudo isto demanda uma variedade de talentos e de ações dia-a-dia. Para alguém que trabalha fora, tal agenda implicaria numa média de 14 horas de serviço por dia.
E, em sexto lugar, como se não bastasse, há também um departamento de caridade. A mulher virtuosa preocupa-se com os pobres. “Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado” (v.20).
OS DESAFIOS DA MULHER VIRTUOSA
Essas características resultam numa série de desafios.

Primeiramente, há um desafio duplo para a mulher cristã — aprender e conter. Aprender seu papel e suas responsabilidades através da Bíblia, não das novelas. E, conter-se. Se você puder administrar metade de si já será muito. Você não precisa provar-se assumindo outras responsabilidades fora do lar. Perceba quais seus limites dentro de casa mesmo, dentro da própria família. Ter muitos alvos freqüentemente resulta em uma tensão quase insuportável que sugará seu tempo e seus dons. Então, você tem de primeiro cuidar de si, antes que possa cuidar dos outros. Atente para o verso 17: “Cinge os lombos de força e fortalece os braços”. Um pregador sugeriu que, trazendo para nossa linguagem, isto poderia ser parafraseado como: “Ela vai à academia puxar ferro!” Bom, não sei se é bem isso, mas, deu para você ter uma idéia. Perfeição é algo impossível neste mundo. Você deve saber seus limites e trabalhar dentro deles. Tome tempo para refrigerar sua alma e renovar suas forças. Cuide da mulher interior. E, não se sinta culpada por cuidar da exterior (v. 22).
Em segundo lugar, há um duplo desafio para os maridos — apreciar e aliviar. Se você tem uma esposa como esta, então lembre-se que você tem algo mais precioso do que rubis (v.10), uma benção pela qual deve louvar a Deus (v.28). Repare que esse mesmo verso também fala do marido: “Ele a louva”. Expresse seu apreço por tudo que ela está fazendo por você e seus filhos. Mas não só aprecie, também lhe dê alívio. Palavras custam pouco. Há ações bem mais dispendiosas. A vida do homem geralmente não tem a multiplicidade de tarefas que tem a da mulher. Nós temos nosso trabalho e… nosso trabalho. Então, que tal pegar as crianças por algumas horas? Em último caso arranje uma babá e saia com sua esposa para jantar. Faça-a experimentar a verdade de seus elogios.
Em terceiro lugar, há um desafio duplo para os pais — modelar e moldar. As mães, em especial, têm o papel de modelar as mulheres piedosas. Mas os pais têm o papel de mostrar a seus filhos como as mulheres piedosas devem ser guardadas e tratadas. Modelar pelo exemplo e moldar pelo ensino. Ensine seus filhos sobre verdadeira masculinidade e feminilidade através da Bíblia. Mostre a eles que o plano de Deus para a humanidade é muito mais bonito, nobre, e dignificante do que o do mundo.
Em quarto lugar, há um duplo desafio para a Igreja — empatia e auxílio. Mulheres virtuosas, e especialmente as jovens, precisam de nossa compreensão e encorajamento. Elas têm uma tarefa humanamente impossível. E não precisam da igreja pondo ainda mais exigências. Precisam é de nossas orações e de nossa ajuda prática se a pudermos dar. Senhoras, que tal passarem uma manhã durante a semana cuidando de uma mãe cristã, e levá-la para tomar um café?! Que alívio, mesmo que seja apenas uma ou duas horas livre de responsabilidades. Isto pode transformar a semana para muitas estressadas filhas de Deus.
Mulheres virtuosas, nos levantamos a uma só voz para louvá-las, e bendizemos a Deus por ter nos dado vocês. “Muitas mulheres procedem virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas” (v.29).

Questões
O que a variedade de referências bíblicas a respeito da influência das mulheres lhe diz sobre a importância deste assunto? Explique.

Faça uma lista das muitas mulheres piedosas na Bíblia, quantas você puder encontrar (use um Dicionário Bíblico se necessário) e explique como elas serviram a Deus e promoveram Seu reino sendo verdadeiras ajudadoras.

Faça uma lista das mulheres ímpias na Bíblia (se necessário, use um Dicionário Bíblico) e explique como elas foram um grande obstáculo ao progresso do reino de Deus e tiveram uma influência e impacto destrutivos.

Cheque as seguintes passagens bíblicas e escreva um breve sumário do que cada uma ensina sobre o papel da mulher virtuosa na relação com seu esposo, com seus filhos e com a igreja: Efésios 5:22-33; Tito 2:3-5, 1 Pedro 3:1-7.

À luz do que você estudou, reflita e discuta como os maridos e a igreja podem ajudar as mulheres a enfrentar os desafios da nossa atual cultura.

Reflita e discuta sobre como as mulheres piedosas, auxiliadas por homens tementes a Deus e sob o ministério de uma igreja bíblica podem ser uma grande e benéfica influência em suas famílias, igrejas e na sociedade em geral.
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Fonte: Blog Projeto Os Puritanos

*Dr. David Murray ensina Antigo Testamento a Teologia Prática no Puritan Reformed Theological Seminary em Grand Rapids, Michigan, EUA. Ele nasceu em Glasgow, Escócia. Ele foi pastor por 12 anos, primeiro em Lochcarron Free Church of Scotland e depois em Stornoway Free Church of Scotland (Continuing). Ele e sua esposa, Shona, têm quatro filhos: Allan, Angus, Joni, e Amy. Ele também bloga no Head Heart Hand.