Por Marcio Duran |
Tenho um amigo inteligente que questiona o fato da Terra, assim como acontece com outros planetas, dentro do chamado sistema solar, transitar ao redor do Sol. Na verdade iniciou-se uma conversação com questionamentos que, para serem chamados de científicos, precisariam de muito mais do que “por quês”. O tal amigo achava injusto – sem querer tão pouco enveredar pelos questionamentos acerca de justiça... E, mesmo que não aceitemos ou acreditemos, a Terra gira ao redor do Sol, desde que Galileu Galilei observou no século XVII e precisou desistir da ideia para não perder a cabeça. Tenho uma percepção curiosa sempre que passo pela Serra Grajaú-Jacarepaguá à noite (e faço isso muitas vezes na semana – apesar de protestos e preocupação de minha esposa): são milhares de luzes, representando casas e apartamentos onde três, quatro ou mais pessoas vivem e que isso é apenas um pedaço de um bairro, da pequena cidade do Rio de Janeiro, em um Estado que ainda que lindo, é pequeno. A percepção? Como podem tantas pessoas, com todas as suas histórias, e problemas, serem cuidadas por um Único ser que as conhece, ajuda, ama e cuida e tudo isso ao mesmo tempo? E este ser é maior do que o Sol – que por sua vez é bem pequeno se comparado aos inúmeros outros astros do Universo! Afinal de contas, onde queremos chegar? Creio que podemos considerar as pessoas, e aí incluo o meu amigo inteligente, como a Terra e o Deus Altíssimo como o Sol nesta nossa reflexão. O problema da reflexão nada científica se assemelha a ideia de que Deus está sempre ao meu dispor, que Ele deseja realizar os meus sonhos e tratar diretamente de minhas lutas. A questão é que eu amo muito a mim mesmo. E o que há de errado nisso? O problema é maior do que imaginamos, porque o que se apresenta é uma mentalidade que se estabelece de maneira sorrateira. Podemos chamá-la de pós-modernidade, anteriormente de antropocentrismo – centrado no homem, mas que eu definiria melhor como egocentrismo. E mais ainda, como individualista, de maneira tal como nunca se viu antes. É o cumprimento do amor de muitos se esfriando... Não somos o centro do universo. Nossos cônjuges não existem para nos fazer felizes. Não temos que ser prósperos, saudáveis e honrados porque somos filhos do Rei. Precisamos viver em função do Rei. Sonhar os sonhos do Rei. Servir aos demais servos para agradar o Rei! Nos contentar com o que temos porque o Rei sabe que temos muito mais do que muitos outros. Em Romanos, capítulo oito, versos 28 e 29, temos um texto que falam de que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus...” Não está sendo dito que coisas boas somente vão ocorrer aos que amam a Deus. Mas que tudo o que ocorrer, desde que eu ame a Deus, vai cooperar, colaborar para o meu bem. Talvez eu seja humilhado para que me torne mais humilde. E isso é para o meu bem. Talvez eu perca meu emprego e fique realmente sem grana para que a fé e confiança neste Deus, maior que o Sol, demonstre o Seu cuidado e a Sua suficiência. Mas o que é amar a Deus? Na verdade, a resposta dos que amam a Deus tem relação direta com o cumprimento de um propósito, ou seja, sermos conformes, de conformidade, mesma forma(!) do Filho, o primogênito entre muitos irmãos. Este é o propósito eterno de Deus e aqueles que buscam cumpri-lo, demonstram seu amor por Ele. Inversão de conceitos pós-modernos. Eu existo para ser como Ele, para servir, para ter um amor indiscriminado, para cuidar dos pobres, para perdoar, para morrer, carregar a cruz e segui-Lo... Essas coisas mudam a perspectiva de Terra e Sol, Deus e homem, servo e Rei.