Num país de secular hegemonia católica em que os livros didáticos de história apresentavam até pouco tempo atrás como data a ser memorizada pelos alunos a Primeira Missa no Brasil (quem se lembra?); num país em que os jornais noticiam que ele agora detém a posição de maior país católico e pentecostal do mundo; num país em que se realizou uma Conferência do Episcopado latino-americano na cidade de Aparecida do Norte/SP com a presença do papa cuja temática foi como pano de fundo o cenário da redução gradativa de fiéis por parte de Igreja Católica; num país com esta cultura religiosa nunca é demais lembrar uma data que passa desapercebida do calendário religioso brasileiro – 452 anos do primeiro culto evangélico( ou protestante como se queira) no Brasil.
Por ocasião da efêmera colonização francesa na baía da Guanabara(1555-1560), Nicolas Durand de Villegaignon mobilizou um grupo de calvinistas franceses conhecidos como huguenotes para contribuirem no estabelecimento da França Antártica. A situação dos huguenotes não estava nada favorável na França. No final de 1555 Villegaignon chegou com 400 homens a Ilha Serigipe (hoje Villegaignon) na Baía da Guanabara. Em março de 1557 a colonia foi reforçada por mais 280 pessoas. Entre elas estavam 12 calvinistas de Genebra que traziam credenciais do próprio Calvino. Pierre Richier e Guillaume Chartier, pastores ordenados, celebraram o primeiro culto protestante em terras brasileiras, talvez, nas Américas, no dia 10 de março de 1557. O pregador baseou-se no Salmo 27.4: “Ao Senhor Eterno peço somente uma coisa: que Ele me deixe viver na sua casa todos os dias da minha vida, para sentir a sua bondade e pedir a sua orientação.”
Por ocasião da efêmera colonização francesa na baía da Guanabara(1555-1560), Nicolas Durand de Villegaignon mobilizou um grupo de calvinistas franceses conhecidos como huguenotes para contribuirem no estabelecimento da França Antártica. A situação dos huguenotes não estava nada favorável na França. No final de 1555 Villegaignon chegou com 400 homens a Ilha Serigipe (hoje Villegaignon) na Baía da Guanabara. Em março de 1557 a colonia foi reforçada por mais 280 pessoas. Entre elas estavam 12 calvinistas de Genebra que traziam credenciais do próprio Calvino. Pierre Richier e Guillaume Chartier, pastores ordenados, celebraram o primeiro culto protestante em terras brasileiras, talvez, nas Américas, no dia 10 de março de 1557. O pregador baseou-se no Salmo 27.4: “Ao Senhor Eterno peço somente uma coisa: que Ele me deixe viver na sua casa todos os dias da minha vida, para sentir a sua bondade e pedir a sua orientação.”
O desfecho da primeira presença protestante mais articulada foi trágica. Villegaignon muda a sua atitude em relação aos calvinistas. Polemiza em torno de questões teológicas e, diante do clima desfavorável, os protestantes decidem voltar à França. Uma parte do grupo por razões náuticas retorna. Cinco são presos e intimados por Villegaignon a se posicionar em relação a pontos teológicos controvertidos. O documento redigido ficou conhecido como “Confessio Fluminense” (primeira confissão de fé evangélica brasileira no dia 8 de fevereiro de 1558). No dia seguinte foram executados três signatários – Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon. Eles ficaram conhecidos como os três primeiros mártires evangélicos do Brasil. Um dos signatários, André Lafon, foi poupado por ser o único alfaiate da colonia e o quinto, Jacques le Balleur conseguiu fugir para São Vicente/SP, mas foi preso e depois enforcado.
O relator desta história foi o sapateiro Jean de Léry. Ele conseguiu voltar para a França, tornou-se pastor e escreveu o livro “História de uma Viagem à Terra do Brasil” (1578).
Torna-se importante trazer à memória dos protestantes, evangélicos e católicos contemporâneos este evento histórico. A afirmação da fé ocorre em meio aos conflitos e às contrariedades da existência humana. O testemunho evangélico acontece em meio à disputa de forças políticas e econômicas. Será que ainda faz sentido uma disputa por hegemonia religiosa nos dias de hoje? Os sensatos dirão que ela é anacrônica, mas a realidade mostra que entre os belos discursos e as boas intenções escondem-se interesses inconfessados. Ou será uma profunda inocência e ingenuidade achar que as religiões não estão no mercado?
Rolf Schünemann